Surtado e acuado, Bolsonaro ataca a Globo

Bolsonaro x Ali Kamel (diretor de jornalismo da Globo) protagonizam a principal disputa no País.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), surtado e acuado, atacou nesta sexta-feira (20) o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), o Ministério Público e a TV Globo.

Sobre a Globo, Bolsonaro antecipa que teve informações de que a emissora dos Marinho levará ao ar diálogos entre “bandidos” citando o nome do presidente da República.

“Tinham acertado, não posso provar, não posso comprovar. Levantamos, corri atrás, sistema de informações, gente que eu conheço também. Estavam acertados diálogos entre bandido no Rio de Janeiro citando o meu nome. Ele vinha aqui buscar dinheiro, agora não vem mais. Esses são os diálogos, que iam ser colocados na Globo à noite, com exclusividade. Como é que eu ia me justificar? Conseguimos descobrir isso aí”, disparou Bolsonaro.

Bolsonaro acusou ainda que o procurador-geral do Rio, Eduardo Gussem, que teria vazado informações sigilosas das investigações sobre seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), para o “chefe da reportagem da Globo”.

“TV Globo [tem] linha direta com o Ministério Público do Rio de Janeiro. Tem uma fotografia do senhor [Eduardo] Gussem, do MP do Rio, conversando com o chefe da equipe de reportagem da Globo. E depois ele falou, porque teve testemunhas, que estava tratando do caso Flávio”, afirmou o presidente.

Acerca do Ministério Público, Bolsonaro disse que o Rio de Janeiro é o estado mais corrupto do país e que o órgão não age para investigar servidores e políticos envolvidos em corrupção.

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“Você já viu o MP do Estado do Rio de Janeiro investigar qualquer pessoa, qualquer ato de corrupção, qualquer deslize, qualquer agente público do Estado? Olha que o estado mais corrupto do Brasil é o Rio de Janeiro. Já viram ou não? Nunca viram, né”, atacou o presidente Bolsonaro.

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Em nota, TV Globo contesta Bolsonaro

Sobre as declarações do Presidente Jair Bolsonaro sobre a Globo, a emissora divulgou a seguinte nota:

Diferentemente do que afirma o presidente Jair Bolsonaro, a Globo não teve acesso a diálogos de bandido citando o seu nome. O mesmo boato foi divulgado na semana passada por apoiadores do presidente e replicado por seu filho Carlos Bolsonaro em uma rede social. Desde então, a Globo tenta confirmar a existência desses áudios, sem sucesso. Como o presidente hoje diz que essa informação foi levada a ele por serviços de informação e por pessoas que ele conhece, a Globo continuará a tentar confirmar se tais diálogos de fato existem.

A Globo se orgulha de dar notícias em primeira mão, mas, infelizmente, não foi esse o caso na divulgação do relatório do MP sobre as investigações sobre o senador Flavio Bolsonaro. O relatório foi divulgado por diversos órgãos de imprensa, antes do Jornal Nacional. Por último, já foi mais do que esclarecido que nada houve de irregular no encontro público entre o repórter Otávio Guedes (que não é chefe de reportagem como afirma o presidente) e o procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, José Eduardo Gussem, em janeiro último. Em abril, a corregedoria geral do Ministério Público arquivou representação do PSL contra Gussem, acusado de vazar provas ao jornalista. A Corregedoria disse que não existia qualquer elemento que apontasse para materialidade de indício de ilícito disciplinar por parte do procurador.