Trump autoriza ataques dos EUA contra militantes do Estado Islâmico

Ataques dos EUA na Nigéria foram confirmados pelo presidente Donald Trump, que afirmou ter ordenado bombardeios contra militantes do Estado Islâmico no noroeste do país africano, sob o argumento de conter ataques a comunidades cristãs.

Segundo Trump, os ataques aéreos ocorreram no estado de Sokoto e atingiram células ligadas ao Estado Islâmico da Província do Sahel. Em publicação na Truth Social, o presidente disse que os Estados Unidos lançaram um “ataque poderoso e mortal” contra o que chamou de “escória terrorista”, acusando o grupo de promover massacres contra cristãos.

O Comando Militar dos Estados Unidos para a África confirmou a operação e informou que a ação foi coordenada com autoridades nigerianas. Inicialmente, o AFRICOM havia afirmado que os ataques ocorreram a pedido do governo da Nigéria, mas a menção foi retirada de nota oficial. Mesmo assim, o Pentágono declarou gratidão pela cooperação de Abuja.

As florestas de Sokoto, região que faz fronteira com o Níger, vêm sendo usadas como base por grupos armados, entre eles facções locais conhecidas como Lakurawa, associadas ao Estado Islâmico no Sahel. Analistas apontam que parte desses grupos surgiu como autodefesa contra banditismo, em um contexto de ausência do Estado, antes de aderirem ao jihadismo.

O Ministério das Relações Exteriores da Nigéria afirmou que os bombardeios fazem parte de uma cooperação contínua em segurança com os EUA, envolvendo troca de informações e coordenação estratégica para atingir alvos considerados terroristas no noroeste do país.

A ofensiva ocorreu após semanas de pressão pública de Trump, que acusou o governo nigeriano de falhar na proteção de cristãos. O presidente americano chegou a anunciar que interviria “com tudo” se os ataques continuassem, reforçando um discurso que encontra eco em setores da direita religiosa dos Estados Unidos.

A Nigéria é oficialmente um Estado laico, com população dividida entre muçulmanos, cerca de 53%, e cristãos, aproximadamente 45%. O governo nigeriano rejeita a narrativa de perseguição religiosa, sustentando que a violência atinge tanto cristãos quanto muçulmanos e decorre de conflitos complexos, envolvendo disputas por terra, água, etnia e criminalidade organizada.

Especialistas lembram que sequestros de padres e pastores têm aumentado, mas nem sempre por motivação religiosa. Em muitos casos, o crime é guiado por resgate e lucro, dentro de um ambiente de insegurança generalizada.

Os ataques dos EUA aconteceram um dia após um atentado suicida em uma mesquita no estado de Borno, no nordeste do país, que matou ao menos cinco pessoas. O Exército nigeriano atribuiu a ação ao Boko Haram, grupo jihadista ativo há quase duas décadas na região.

Apesar de Trump se apresentar como “candidato da paz” e prometer o fim das chamadas guerras intermináveis, seu retorno à Casa Branca tem sido marcado por novas intervenções militares. Além da Nigéria, os Estados Unidos realizaram ataques recentes no Iêmen, Síria e Irã, e ampliaram a presença militar no Caribe, com foco na Venezuela.

A ofensiva em território nigeriano reforça o debate internacional sobre soberania, segurança regional e o uso do discurso religioso como justificativa para ações militares externas.

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