A crise da Sanepar empurrou mais uma vez para frente a decisão de Ratinho Júnior (PSD-PR) sobre quem será o candidato do grupo à sucessão no Palácio Iguaçu. O governador havia sinalizado internamente que anteciparia a definição, mas a repercussão nacional do escândalo levou o mandatário cessante a pisar no freio e adiar novamente a bênção.
A crise da Sanepar teve início com a divulgação de áudios atribuídos a pessoas ligadas ao núcleo político do governo do Paraná e à estrutura da estatal, nos quais surgem relatos de suposta arrecadação irregular para cobrir dívidas da campanha de 2022 do governador Ratinho Júnior (PSD).
As gravações mencionam pressão sobre cargos comissionados, gestores regionais e relações hierárquicas dentro da companhia, levantando suspeitas de caixa dois eleitoral, corrupção e uso político de uma empresa de economia mista.
O caso ganhou dimensão nacional após a oposição levar o material à Polícia Federal, ao Ministério Público Eleitoral e à CVM, tirando o escândalo da bolha estadual. Com o avanço do escrutínio fora do Paraná, o Palácio Iguaçu passou a operar em modo defensivo, elevando o custo político de qualquer decisão sobre a sucessão.
A corrida interna no PSD permanece travada entre três nomes que não admitem recuo. Alexandre Curi, Guto Silva e Rafael Greca seguem em campanha aberta, cada um convencido de que reúne as melhores condições eleitorais para herdar o capital político do governador.
A hesitação de Ratinho, porém, cobra preço. Se optar por Guto Silva, avaliação corrente no Centro Cívico indica risco concreto de racha. Greca e Curi não aceitariam a imposição e poderiam deixar o PSD, inaugurando uma debandada governista e construindo uma candidatura independente ancorada nos dois nomes.
Segundo levantamentos eleitorais, públicos e de circulação restrita no meio político, Guto Silva aparece com o menor nível de intenção de voto entre os três pré-candidatos do grupo governista, apesar do volume elevado de anúncios e promessas de obras atribuídas à sua gestão. Alexandre Curi registra desempenho cerca de duas vezes superior, enquanto Rafael Greca aparece com vantagem aproximada de 60% em relação ao secretário das Cidades. É esse descompasso que alimenta a tensão interna no grupo de Ratinho Júnior.
O temor não se limita à cúpula. Fontes relataram ao Blog do Esmael que apoiadores de Guto Silva no Sudoeste, especialmente pré-candidatos à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa, ficaram em alerta máximo após o avanço do caso Sanepar rumo à Polícia Federal. O receio é serem varridos por um escândalo em plena campanha de 2026, contaminando chapas proporcionais e reduzindo competitividade regional.
Enquanto o governador titubeia, a oposição avança. O vácuo no campo governista ajuda a consolidar Sergio Moro (União Brasil), líder nas pesquisas, e Requião Filho (PDT), vice-líder, que observam a fragmentação palaciana com conforto estratégico. No cenário atual, cresce o risco de o grupo de Ratinho assistir ao segundo turno da arquibancada.
O Palácio Iguaçu tenta ganhar tempo. Mas, ao adiar a decisão, o governador não apenas posterga a sucessão como adiciona incerteza ao próprio projeto político. Com a crise da Sanepar em curso, cada dia sem definição funciona como azeitona nos empadões dos adversários.
O Blog do Esmael seguirá acompanhando os movimentos e os bastidores da sucessão no Paraná.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.




