PT defende CPI para investigar denúncia de Paulo Marinho

O líder do PT na Câmara, Enio Verri (PR), informou neste domingo (17) que o partido e as outras agremiações da oposição vão protocolar nesta semana pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as revelações feitas pelo empresário Paulo Marinho, que foi suplente de Flávio Bolsonaro na disputa para o Senado.

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“As denúncias são gravíssimas e confirmam o que o PT tem denunciado há tempos, especialmente por intermédio do deputado Paulo Pimenta (PT-RS): agentes de Estado deram um golpe eleitoral em 2018 para ajudar na eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro; o Congresso precisar investigar a fundo a denúncia, inclusive o envolvimento do clã Bolsonaro com o crime organizado”, disse Verri.

Milícias
O deputado Paulo Pimenta, como líder do partido entre 2018 e 2019, denunciou na Justiça várias vezes o envolvimento da família Bolsonaro com milícias e esquemas criminosos no Rio de Janeiro, o que é confirmado agora com as revelações de Paulo Marinho.

Economia

“A oposição na Câmara dos Deputados vai protocolar um pedido de CPI para investigar as gravíssimas denúncias do empresário Paulo Marinho sobre o envolvimento da família de Jair Bolsonaro com o crime organizado no Rio de Janeiro. A CPI investigará também o envolvimento de integrantes da PF no esquema”, informou Pimenta pelo Twitter.

Para o petista, as acusações do empresário, publicadas pela Folha de S. Paulo, são nitroglicerina pura e uma CPI conseguiria juntar as peças do quebra-cabeça capaz de provar a fraude no processo eleitoral de 2018 por agentes da Polícia Federal simpatizantes de Bolsonaro.

Crime organizado
Pimenta lembrou que o escândalo político deste domingo, sobre o vazamento da investigação sobre o esquema Queiroz/rachadinha para o clã Bolsonaro antes do segundo turno da eleição presidencial, pode ter contado com a participação do delegado Alexandre Ramagem, que Bolsonaro queria indicar para o comando da Polícia Federal.

‘A denúncia de que a famiglia de @jairbolsonaro foi avisada durante a operação Furna da Onça, por um delegado da PF do RJ, eu havia feito em janeiro de 2019. No dia 15/10/2018, Queiroz foi demitido do gabinete de @FlavioBolsonaro e sua filha do gabinete de @jairbolsonaro”, escreveu Paulo Pimenta, em seu twitter.

“A operação Furna da Onça é uma continuação da operação Cadeia Velha. A operação Cadeia Velha foi coordenada pelo delegado da PF, Alexandre Ramagem Rodrigues. Ramagem se torna segurança da família de @jairbolsonaro na campanha, Chefe da Abin e depois indicado DG da PF”, aponta ainda o parlamentar.

A entrevista de Paulo Marinho prova que as “instituições” brasileiras foram usadas para fraudar o processo eleitoral de 2018, favorecendo Jair Bolsonaro e a ascensão da extrema-direita. Essa denúncia se insere em meio a outras, como a inabilitação forçada do ex-presidente Lula, pelo TSE, e o vazamento, no meio do processo eleitoral, da delação de Antonio Palocci pelo ex-juiz Sergio Moro, que depois abandonou a toga para ser ministro do governo de extrema direita que ajudou a eleger.

Rachadinha
Agora, conforme lembrou Enio Verri, descobriu-se que a Polícia Federal vazou para Flávio Bolsonaro que o esquema da rachadinha estava sendo investigado e que ele deveria demitir seu assessor Fabrício Queiroz, que era uma espécie de tesoureiro da família Bolsonaro, inclusive da primeira dama Michele Bolsonaro.

A revelação do empresário Paulo Marinho foi dada em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. Segundo ele, Flávio disse que soube com antecedência que a Operação Furna da Onça, que atingiu Queiroz, seria deflagrada.

“Foi avisado da existência dela entre o primeiro e o segundo turnos das eleições, por um delegado da Polícia Federal que era simpatizante da candidatura de Jair Bolsonaro. Mais: os policiais teriam segurado a operação, então sigilosa, para que ela não ocorresse no meio do segundo turno, prejudicando assim a candidatura de Bolsonaro. O delegado-informante teria aconselhado ainda Flávio a demitir Fabrício Queiroz e a filha dele, que trabalhava no gabinete de deputado federal de Jair Bolsonaro em Brasília. Os dois, de fato, foram exonerados naquele período —mais precisamente, no dia 15 de outubro de 2018”, aponta a reportagem.

O escândalo estourou logo depois e Queiroz se tornou um “foragido” cujo paradeiro é conhecido, mas que segue blindado, segundo os petistas, pelas mesmas “instituições” que fraudaram o processo eleitoral de 2018, para permitir Jair Bolsonaro e prejudicar Fernando Haddad.

Do PT na Câmara