PCdoB, um século de lutas

Luiz Manfredini*

Nos últimos cem anos, a cena política brasileira contou com a presença destacada, ativa e constante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Quase centenário, o partido fundado em 25 de março de 1922, em Niterói (RJ), aproxima-se do seu centenário como o mais longevo entre os partidos políticos ainda em funcionamento no Brasil, o primeiro de caráter nacional e o único a ter participado de três constituintes: 1934, 1946 e 1986. Até 1961, usou a sigla PCB e, com a reorganização de 1962, passou a adotar PCdoB, mantendo, no entanto, o nome, o programa e o estatuto originais.

A fundação do PC do Brasil não expressou interesses particulares, conveniências de grupo, tampouco ocorreu fortuitamente. Ao contrário, o partido surgiu como decorrência histórica do processo de formação da jovem classe operária brasileira, do incremento de suas lutas e de sua consciência política, correspondendo, ademais, aos desafios de uma quadra de importância crucial para o Brasil. A entrada em cena dos comunistas e, nesse mesmo ano de 1922, o despertar do movimento renovador do tenentismo e a realização da Semana de Arte Moderna de São Paulo marcariam o início de uma década de crises e rupturas que desembocaria na Revolução de 1930 e na consequente derrota da República Velha.

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Ao longo de quase um século de existência, o PC do Brasil atuou com firmeza e lucidez no cenário político nacional, mesmo sob severas restrições, como foram os longos e tenebrosos períodos de clandestinidade e perseguições. Muitos dos seus militantes e dirigentes viram-se levados às prisões, às torturas e à morte. Mas o partido, utilizando táticas amplas e inclusivas, nunca arriou suas bandeiras, nunca abdicou da luta pela democracia, a justiça social, a soberania do Brasil e o socialismo. Como catalisador dessa luta, apresenta desde 2009 ao povo brasileiro, do seu Programa Socialista, um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, voltado para a superação do status quo neoliberal e para abrir caminhos em direção ao objetivo estratégico do socialismo com características brasileiras.

Na atualidade, o PCdoB propõe a construção de uma ampla frente política que ultrapasse os limites da esquerda e oponha os mais largos segmentos à extrema-direita criminosa que assaltou o poder e iniciou a desmontagem da nação. Vem sendo o partido mais obstinado nessa direção unitária, seja no parlamento, seja no movimento social e no confronto de ideias, como de resto os comunistas sempre estiveram à frente das lutas democráticas e progressistas em todo o mundo.

*Luiz Manfredini é jornalista e escritor, autor, entre outros livros, dos romances As moças de Minas, Memória de Neblina, Retrato no entardecer de agosto e da biografia A pulsão pela escrita.

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