O uso das máscaras e as eleições 2022

► De olho nas urnas, governadores querem derrubar o uso das máscaras em locais públicos e a exigência do passaporte de vacina

Lembro-me como se fosse hoje. No auge da pandemia, em 2020, os prefeitos municipais em busca de reeleição flexibilizaram as medidas de combate ao vírus por medo da reação negativa dos eleitores com as restrições, toques de recolher, lockdowns, uso de máscaras, proibição de grandes eventos, lavar as mãos, etc.

Não precisava ser expert em saúde pública que, após as eleições de 2020, as cidades se fechariam novamente devido ao relaxamento nas vésperas do pleito municipal. Bingo!

Na época, enquanto caíam as regras sanitárias, as emissoras de televisão usaram a pandemia para cancelar debates entre os candidatos – limitando o acesso à informação aos eleitores.

Agora, nas eleições 2022, a história se repete. Governadores temendo pela sua própria reeleição iniciam processo de flexibilização das regras contra o novo coronavírus. Eles escolheram como alvo de sua cruzada o uso das máscaras em locais públicos e a exigência do passaporte de vacina.

Proibir a apresentação do passaporte da vacina na véspera de carnaval é irresponsabilidade

No Paraná, por exemplo, o governador Ratinho Junior (PSD) flerta com os antivacinas na Assembleia Legislativa (ALEP) e nos municípios. Dias atrás, o mandatário estadual recebeu o vice-prefeito de Foz do Iguaçu, Delegado Francisco Sampaio (PSD), seu correligionário antivax.

No parlamento estadual, bolsonaristas e pastores evangélicos também pregam pelo fim das restrições sanitárias no estado – mesmo sem um estudo científico que sustente esses palpites.

Economia

Os políticos que precisarão renovar seu mandato este ano estão temerosos com o [mau] humor dos eleitores. Eles acreditam que conseguirão desviar a atenção dos reais problemas da sociedade com a discussão histérica contrárias aos cuidados e ao combate à covid.

Durante a pandemia, somente no Paraná, foram registrados 2,37 milhões de casos de infecções e 42.543 mortes. Nas últimas 24 horas, foram 7.560 novos casos e 48 óbitos.

Os governistas acreditam [equivocadamente] que os eleitores ficarão contentes com o fim das máscaras enquanto as tarifas de água e luz continuam subindo, o pedágio insepulto, os servidores públicos sem valorização, as grandes corporações com isenções fiscais pornográficas, dentre outras mazelas.

Cidade do Rio suspende uso de máscara

O prefeito Eduardo Paes aboliu no município do Rio de Janeiro, desde terça-feira (08/03), o uso de máscaras em locais abertos e fechados. A decisão partiu de uma recomendação do Comitê Científico da prefeitura.

Em seu perfil no Twitter, o prefeito Eduardo Paes anunciou que a medida será publicada na edição do Diário Oficial do município.

– Cumprindo as determinações do Comitê Científico amanhã sai decreto acabando com a obrigatoriedade de máscaras em espaços abertos e fechados – escreveu na rede social.

O passaporte da vacina também caiu no Rio.

Na mensagem, Paes acrescentou que também em três semanas não será mais necessária a apresentação do passaporte de vacinação. Junto às duas medidas, a prefeitura vai incentivar a vacinação das doses de reforço.

– Com um esforço para vacinar aqueles que podem tomar dose de reforço, em 3 semanas acabamos também com o passaporte – informou o prefeito.

Eduardo Paes quer influir na eleição fluminense, ou seja, está na luta para eleger o próximo governador do estado do Rio.

O prefeito carioca sonha ganhar musculatura em 2022 para, em breve breve, com as bênçãos da Globo, chegar ao Palácio do Planalto.