Ricardo Mac Donald*
Acompanho as eleições no Brasil desde 1970, quando se votava apenas para deputados federal e estadual. Senadores eram biônicos, governadores nomeados e a presidência da República ocupada pelo general da vez.
Aprendi que cada eleição é diferente, e muitos analistas que examinam o pleito olhando pelo retrovisor costumam ver a árvore, mas não a floresta.
Neste ano, teremos a campanha mais curta da história no Brasil. No início da próxima semana estaremos a 60 dias das eleições, e o que se constata até agora é um terreno árido, com o pleito sendo visto pelo eleitor como uma obrigação aborrecida a cumprir. A tendência é postergar a decisão do voto para a última hora, como fazemos com a Declaração de Imposto de Renda.
Em cidades do interior, os candidatos à s proporcionais fazem acordos tácitos para a campanha começar mais tarde, pois está cada vez mais difícil a obtenção de recursos. O excesso de regulamentação da Justiça Eleitoral ajuda a limitar as ações. Teremos uma campanha indoor!, palanque só o eletrônico e todas as fichas na TV.
No Paraná, existem três candidatos a governador com reais possibilidades de chegar ao segundo turno; e terá mais chances aquele que errar menos e souber vocalizar o forte sentimento oposicionista da população, manifestado desde as marchas de julho de 2013.
Mas há um fenômeno que sempre se repete nas eleições paranaenses: tem um pelotão de frente! que dispara as eleições; outro que entra para marcar uma posição ideológica, e um terceiro, usando siglas que ninguém conhece, apresenta uma pseudo candidatura e transforma seu tempo de TV e rádio em eco de forças ocultas!.
Uma história interessante aconteceu no Paraná: o falecido e boa praça Sale Wolokita! (ator, diretor artístico e apresentador de TV) foi enjambrado como vice de um candidato que era péssimo de comunicação, ruim de figura e voz e com forte acento interiorano. Então, o Sale, como vice, foi para a campanha de televisão (na época longos 60 dias). Nas primeiras semanas já começa a gozação na Boca Maldita: Cadê o candidato? Ele existe?
Diante disso, o vice criou um bordão para terminar o programa:
Vocês estão preocupados com o candidato? Não se preocupem. Ele virá.! Acontece que o candidato não veio e o Sale, nos últimos três programas, renunciou à candidatura e pediu votos para aquele que era seu verdadeiro candidato.
Para a turma desse terceiro time, sugiro cautela. A Justiça e as assessorias jurídicas estão muito mais vigilantes.
*Ricardo Mac Donald Ghisi é advogado, secretário Municipal de Governo de Curitiba. Escreve à s sextas no Blog do Esmael.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.