Obama x Romney: Cada vez mais brasileira, Flórida é decisiva em 2012

por Rodolfo Borges, enviado especial do Brasil 247 a Miami

Com cobiçados 29 delegados (que podem definir o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos), o estado sem fidelidade partidária é disputado pelo presidente Barack Obama e pelo adversário Mitt Romney até os últimos dias da corrida eleitoral, que termina na terça-feira. E tem brasileiro votando por lá, como mostra o enviado especial Rodolfo Borges, na reportagem que inaugura a cobertura especial do 247 sobre a eleição americana.
O empate técnico entre o presidente Barack Obama (48%) e o desafiante republicano Mitt Romney (47%) nas pesquisas de intenção de voto levou as atenções mais uma vez para o estado da Flórida. No rol dos estados sem fidelidade patidária, que não são majoritariamente democratas ou republicanos, a Flórida é aquele que detém o maior número de delegados (29) !“ depois aparecem Ohio e Pensilvânia, com 18 e 20, respectivamente. Ou seja, quem ganhar por lá terá dado um passo determinante para a vitória !“ não por acaso Obama passa na Flórida neste domingo e Romney vem na segunda-feira. E a disputa está tão apertada que até os votos brasileiros podem fazer a diferença.

Só em 2011, 10.251 brasileiros adquiriam cidadania americana, uma alta de 15% em relação ao ano anterior !“ o que os levou a superar os dominicanos no primeiro lugar. E, nesse processo crescente de imigração, o estado que mais tem chamado atenção é exatamente a Flórida, que naturalizou 2.666 (26%) desses novos cidadãos americanos no ano passado. Os números contribuem para explicar o crescimento de 15% no fluxo comercial entre o estado e o Brasil em 2011, quando chegou a US$ 15,14 bilhões.

O brasileiro Leo Ickowicz, de 65 anos, assiste a esse fenômeno de camarote. Presidente da Elite International Realty, uma imobiliária sediada em Miami, o brasileiro que trocou sua agência de viagens no Brasil há 22 anos pela vida nos Estados Unidos diz que a procura de brasileiros por imóveis na Flórida não para de crescer. No fim do ano passado, os brasileiros detinham 12% dos imóveis de Miami, e estão para ultrapassar os venezuelanos (15%) em proporção.

Casas e apartamentos ao preço básico de US$ 100 mil em boas áreas da cidade, como Brickell e Biscayne Boulevard, se tornaram sedutores diante da valorização imobiliária em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo Ickowicz, recentemente surgiram dois novos perfis de compradores brasileiros. “O homem de 60 anos, em vias de se aposentar, que compra um imóvel pra passar pelo menos seis meses do ano por aqui; e o empresário de 40 anos que ainda não consegue deixar as atividades no Brasil, mas traz a família para internacionalizar a educação dos filhos e fugir da violência”, contou ao 247 o eleitor de Barack Obama, que vota nos Estados Unidos há três eleições.

Voto brasileiro

Economia

“Ele (Obama) não fez um governo excelente, mas pegou o país numa situação ruim; e a economia mundial está com problemas… Vou votar nele de novo porque, com o outro candidato, não se sabe o que esperar”, analisa o brasileiro, que, nesta eleição, está em minoria na Flórida, onde Romney se aproveitou do desânimo dos eleitores com a economia para intensificar sua campanha e lidera por pequena margem. A taxa de desemprego no estado é de 9% (acima da média nacional, de 7,9%), muito em função da queda no turismo.

A política econômica de Obama é um dos motivos que levaram o corretor brasileiro Hércules Pimenta, de 68 anos, a optar por Romney neste ano. “Quando se começa a cobrar mais impostos dos ricos, a coisa não funciona”, critica Pimenta, que considera o governo de Obama equivocado em vários aspectos, com destaque para a recente morte do embaixador norte-americano na Líbia. “Os Estados Unidos não se podem permitir esse tipo de coisa”, avalia o brasileiro, que votou no republicano John McCain na eleição de 2008, mas diz que não teria problemas para votar em Obama se aprovasse seu governo.

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