APP-Sindicato contesta número de vacinados e convoca greve geral contra aulas presenciais no PR

  • Educadores não descartam ingressar na Justiça pedindo o afastamento do governador Ratinho Junior

A APP-Sindicato informou na manhã desta quarta-feira (5/5), em coletiva virtual, que irá deflagar greve geral na categoria contra o retorno às aulas presenciais no Paraná.

O presidente da entidade representativa do magistério paranaense, Professor Hermes Leão, contestou os números de vacinados anunciados pelo governador Ratinho Junior (PSD).

Segundo Leão, o governador disse que serão vacinados apenas 32 mil educadores para a retomada das aulas presenciais, enquanto o número o sistema de educação soma 320 mil professores e funcionários nas escolas estaduais, municipais e privadas.

A APP-defende o lockdown “total e definitivo”, por ao menos 21 dias, combinado com a vacinação acelerada de toda a população.

Vacinação e isolamento para derrotar o vírus

Apoiando-se em parecer do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – ligado à FIOCRUZ), o presidente da APP-Sindicato afirmou que os protocolos não garantem que a vacinação impede a infecção.

De acordo com a entidade representativa dos educadores, a imunização vertical –preconizada pelo governo do Paraná—não tem diminuído o número de casos e óbitos no estado. Pelo contrário.

Economia

O Chile é um exemplo de expansão do vírus, apesar de ser o país que mais vacina na América Latina. Lá, enquanto a população era imunizada, escolas e universidades serviram como centro de irradiação do novo coronavírus.

Segundo dados do Conass (Conselho Nacional de Secretários da Saúde), o Paraná chegou a 22.991 mortes e tem 946.173 casos de covid-19 confirmados na terça-feira (4/5).

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Governador do Paraná tenta se eximir da responsabilidade

A APP-Sindicato denunciou que o governador Ratinho Junior transfere seu “desejo” da volta às aulas para as mãos de prefeitos (municipais) e diretores de escolas estaduais, bem como aos pais de alunos.

A Secretaria da Educação (SEED), por sua vez, exige que um documento seja assinado pelos responsáveis isentado do Estado por eventuais mortes de alunos por covid-19.

“Os pais ou responsáveis é que vão autorizar o retorno dos alunos às aulas presenciais, com rodízio semanal entre os estudantes. Também vamos respeitar todos os protocolos de saúde elaborados pela Secretaria da Saúde”, confirmou o secretário Renato Feder.

A APP-Sindicato não descarta ingressar na Justiça pedindo o afastamento do governador Ratinho Junior. [A entidade já fez pedido em relação a Feder.]

Volta às aulas somente com segurança

“Há muita vontade voltar com as aulas presenciais, mas há muito medo da morte. Nós perdemos muitos colegas nos últimos dias”, emocionou-se Hermes Leão, que anunciou a greve em defesa da vida.

“Nós temos uma greve aprovada em defesa da vida. O sindicado convocou uma assembleia geral para o próximo dia 29 de maio”, disse o dirigente.

“É muito grave essa posição do governo Ratinho, que joga para responsabilidade para prefeitos, direitos e pais pela volta às aulas presenciais.”

“Levar os estudantes dentro das salas de aula é foco de contágio. Eles podem transmitir uns para outros e, consequentemente, contaminar pais e familiares.”

A SEED anunciou a flexibilização do número de alunos nas salas de aula por meio do modelo híbrido.

Segundo o governador Ratinho Junior, o retorno às aulas presenciais na rede pública, a partir de 10 de maio, se dará inicialmente em cerca 200 escolas de diferentes regiões do Paraná.

O Paraná tem cerca de 2,1 mil escolas somente na rede pública e cerca de 1 milhão de alunos.