APP-Sindicato: ‘Beto Richa acredita nas próprias mentiras que conta sobre salário dos educadores’

Em nota oficial, entidade representativa do magistério desafia governador a debater salários e qualidade de ensino em audiência pública; leia abaixo.
Em nota oficial, entidade representativa do magistério desafia governador a debater salários e qualidade de ensino em audiência pública; leia abaixo.

A APP-Sindicato reagiu aos novos ataques do governador Beto Richa (PSDB) à entidade e aos professores da rede pública estadual de ensino. Richa acusou ontem, em evento com prefeitos do interior, que a greve dos professores teria acabado quando o governo divulgou os supersalários da categoria. O tucano também culpou os profissionais do magistério e o sindicato pela queda na qualidade na educação do estado.

Em resposta, o Sindicato publicou uma nota (leia abaixo) em seu site desafiando o governador a debater em audiência pública os salários dos professores, comparando-os com os vencimentos dos demais servidores e os supersalários no primeiro escalão. Segundo a APP, os trabalhadores da educação representam 62% do total de servidores do estado. Mas, a folha de pagamento da educação representa somente 38% do total.

A nota também faz referência às mentiras veiculadas pelo governo do estado atribuindo supersalários aos professores do estado, lembrando que por decisão judicial uma matéria que comparava os salários de professores com o de prefeitos foi retirada do ar, e o governo tem prazo para desmentir as demais distorções.

Segundo o presidente da APP, professor Hermes Leão, “a insistência da criminalização dos salários do Beto Richa não é novidade em governo que não tem compromisso com a população. É o esforço de sempre buscar em terceiros a responsabilidade principal que é exatamente dos governantes. Se temos dificuldades em educação, saúde e segurança pública, a responsabilidade é do governante, já que é ausente em planejamentos e investimentos”, destaca.

Leia a seguir a íntegra da nota da APP-Sindicato:

Beto Richa volta a atacar educadores(as) e sindicato

Economia

Sindicato desafia governador a debater salários em audiência pública

Um governo que deveria fazer uma luta pela valorização da educação e de todos os educadores e educadoras do Estado, tem feito justamente o contrário no Paraná. Ataques e mais ataques aos(as) servidores(as) e à APP-Sindicato tem sido a postura frequente do governador Beto Richa que, não por acaso, vem apresentando quedas consecutivas de apoio e popularidade dos(as) paranaenses e está sendo processado pelo Ministério Público pelo Massacre do dia 29 de abril.

Em um encontro com prefeitos(as) do interior do Estado, Richa fez acusões à APP-Sindicato e desqualificou a luta histórica da entidade pela qualidade da educação paranaense. O governador criminalizou mais uma vez os salários de educadores(as) mesmo depois que a justiça determinou a retificação das informações publicadas no Portal de Transparência do Estado, mantido por verba pública, e a retirada de mentiras divulgadas na Agência Estadual de Notícias, onde Richa alega que professores(as) da rede estadual ganham mais do que prefeitos(as) de 111 municípios do Paraná.

Mais uma vez o governador sustenta a mentira dos supersalários e expõe a categoria de forma criminosa. As omissões que o Portal da Transparência faz quanto ao pagamento dos salários dos(as) educadores(as) mostram a real intenção de um governador que, ao invés de cumprir com leis trabalhistas que garantem a reposição salarial dos(as) servidores(as), como a lei da data-base e a Lei Nacional do Piso, transfere suas próprias responsabilidades e cria uma transparência seletiva dos fatos, já que divulga mentiras e não aceita o convite para debates do salários de todos os servidores e servidoras públicas, de ambos os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Paraná.

Hoje, os trabalhadores e trabalhadoras da educação pública do Paraná representam 62% dos(as) servidores(as) do Estado. Apesar disso, a folha de pagamento destinada a essa parcela maior de trabalhadores(as) é de 38%. Richa, que não só não valoriza a educação, mas ataca sistematicamente os próprios educadores, desqualifica a luta da categoria e transfere suas próprias responsabilidades, como aponta o presidente da APP, professor Hermes Leão. “A insistência da criminalização dos salários do Beto Richa não é novidade em governo que não tem compromisso com a população. É o esforço de sempre buscar em terceiros a responsabilidade principal que é exatamente dos governantes. Se temos dificuldades em educação, saúde e segurança pública, a responsabilidade é do governante, já que é ausente em planejamentos e investimentos”, destaca.

IDEB – Richa também afirmou que, como governador do Estado, não consegue melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), já que, segundo ele, na pauta dos sindicatos não consta a qualidade de ensino. “É só salário, gratificação e hora-atividade”, de acordo com fala dele publicada no jornal Gazeta do Povo. Essa fala do governador revela que, não só Richa tem memória curta, mas que usa seu discurso unilateral, sem debate algum com a sociedade, para propagar mais e mais mentiras.

A APP-Sindicato tem uma histórica luta de 68 anos por uma educação de qualidade no Paraná. Só neste ano, realizamos duas greves que paralisaram 100% das escolas no Estado. E mais, recebemos o apoio de 96% da população. A primeira greve realizada esse ano teve como pauta principal a derrubada do Projeto de Lei que queria acabar com a carreira construída com muita luta pelos educadores(as). Além disso, a categoria foi às ruas denunciar o fechamento de turmas, o fechamento de Escolas de Campo, a tentativa de desmonte de projetos culturais, esportivos e de língua estrangeira, a superlotação de salas de aula, além da precarização da estrutura das escolas, sejam por bibliotecas desatualizadas, laboratórios de informática inativos e tantos outros espaços sem estrutura. “Toda a luta daquela greve era contra o desmonte pedagógico da escola. E foi por isso que tivemos tanto apoio da população”, explica Hermes.

Além de tudo isso, o governador culpa os(as) educadores(as) pela queda do índice, mas também omite que a precarização das escolas paranaenses afetam diretamente a qualidade do ensino. Richa não mensura a educação como um todo que precisa de investimento, mas transfere sua responsabilidade para os(as) trabalhadores(as).

É preciso lembrar que Beto Richa, enquanto candidato à reeleição para governador do Estado, assinou uma carta-compromisso, junto com demais candidatos(as), onde se comprometia a atender as demandas vindas das próprias escolas e apontadas, regularmente, em Conferências da Educação promovidas pela APP. “Nas conferências nós temos a contribuição das universidades, pensadores sobre educação, além dos próprios educadores estaduais. Nós entregamos aos candidatos, em 2014, mais de 400 proposições e ações para o conjunto das escolas e das modalidades de ensino. Nós temos propostas de educação continuada e valorização geral, inclusive da gestão democráticas das escolas e da participação da comunidade”, declara Hermes.

Audiência pública – A APP-Sindicato já solicitou à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Paraná uma audiência pública para debater o salário de todos(as) os servidores(as) públicos(as) do Estado. “Estamos dispostos a debater com o governador Beto richa os salários todos, inclusive dos demais poderes. Aliás, vamos debater também os salários da família do governador e comparar com aos salários de funcionários de escola”, diz Hermes. O presidente também explica que é preciso debater com transparência e omitir o real ganho dos(as) educadores(as). “O governador que venha de forma honesta debater conosco em audiência pública e não ficar fazendo essa avaliação unilateral, onde não tem ninguém pra fazer o contraponto das mentiras que ele vem falando para os prefeitos”.

Comments are closed.