Feche os olhos e imagine como seria a sua destreza sem um ou dois braços, e sem as pernas. É isso que o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), está fazendo: arrancando braços e pernas da Copel (Companhia Paranaense de Energia).
A Copel Geração e Transmissão, subsidiária integral da Companhia Paranaense de Energia comunicou ao mercado que a UEG Araucária (Uega) será privatizada.
A Uega é uma usina geradora de energia, movida a gás natural, e conta com três sócios: a Petrobras, com 18,8% do capital, a Copel (20,3%) e a Copel Geração e Transmissão (60,90%).
A usina termelétrica a gás tem potência de 484,50 megawatts.
A privatização da Uega é justificada pela falsa alegação de “descarbonização” enquanto crescem os parques eólicos – que merecem uma investigação à parte, juntamente com o surgimento de grandes negócios com as PCHs, as pequenas centrais hiderelétricas.
O esquartejamento desvaloriza a estatal de energia para favorecer seu comprador, a preço de banana, em detrimento dos interesses da sociedade paranaense, que será penalizada com tarifas mais caras e continuados apagões. Vide o que ocorre no Rio Grande do Sul e no Distrito Federal.
Sobre a privatização da Usina de Foz do Areia
Além do braço, a Ratinho também anunciou que vai alienar [vender] uma das pernas da estatal de energia: a usina hidrelétrica Foz do Areia.
O Palácio do Iguaçu disse que já contratou assessores financeiros e jurídicos para estruturar a privatização, por meio de leilões, da Uega e de Foz do Areia no quarto trimestre de 2023.
O valor mínimo previsto para a venda é de 1,8 bilhão de reais, que deverá ser pago pelo ativo a título de bônus de outorga à União.
Com 1.676 megawatts (MW) de capacidade instalada, a hidrelétrica, localizada no município de Pinhão, no Paraná, é o principal ativo de geração da Copel e tem sua concessão expirando em dezembro de 2024.
A Copel é Nossa! Não deixe Ratinho vender!
No início deste mês, o Blog do Esmael propôs às forças vivas da sociedade paranaense a retomada do Fórum Popular Contra a Venda da Copel.
O governador Ratinho Junior pediu para acelerar os estudos para privatizar a Companhia Paranaense de Energia, a Copel, porque sabe que no governo Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de janeiro de 2023, a liquidação do patrimônio público será mais difícil.
O Palácio Iguaçu disseminou que pretende ainda este ano a privatização da estratégica companhia energética e da empresa de saneamento de água e esgoto, a Sanepar. As duas empresas são superavitárias, dão lucro, e são fundamentais para o desenvolvimento econômico do estado – além de proporcionar negócios aos empreendimentos e conforto às famílias.
A Copel teve lucro de R$ 5 bilhões no ano de 2021, no entanto, o governo do Paraná distribuiu esse dividendo para sócios minoritários. Esse dinheiro poderia ter sido empregado para aparelhar melhor a educação e os serviços públicos.
Em 2024, termina a concessão federal para da Copel operar. Uma das possibilidades seria o governo Lula encampanhar a companhia para evitar sua privatização.
Em 31 de outubro, Ratinho Junior enviou um ofício à Copel comunicando que “foi solicitado informações técnicas a fim de subsidiar modelo para potencial operação no mercado de capitais em que se otimize o investimento do Estado do Paraná na Copel, preservando participação societária relevante do Estado na Companhia.”
Note que participação societária “relevante” é diferente de participação “majoritária”, tal qual é hoje a do Governo do Paraná.
Por sua vez, a companhia energética tabelou com Ratinho Junior afirmando que a adoção de eventual modelo, a depender dos estudos que serão realizados para este fim, estará sujeita a determinadas aprovações, de acordo com a lei e os regulamentos aplicáveis.
Fórum Popular Contra a Venda da Copel
O Blog do Esmael propõe às forças vivas da sociedade paranaense a retomada do Fórum Popular Contra a Venda da Copel, criado no ano de 2000 para impedir que o então governador Jaime Lerner liquidasse a estatal energética.
Na época, 421 entidades da sociedade civil se uniram em torno de um movimento plural, multidisciplinar e suprapartidário para defender a empresa de energia fundada em 1954 no governo de Bento Munhoz da Rocha Netto.
Vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores, clubes de serviço, igrejas católica e evangélica, sindicatos de trabalhadores e patronais, partidos políticos, maçonaria, terreros de umbanda, conselhos profissionais, educadores, instituições de ensino, movimentos estudantis e de bairros, enfim, todos os atores sociais são bem-vindos nessa luta contra a venda da Copel e em defesa do patrimônio de todos os paranaenses.
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