Fato 1. O presidente Jair Bolsonaro disse na tarde desta sexta-feira (26), em Caucaia (CE), que daqui para a frente os governadores que “fecharem seus estados” é que devem bancar o auxílio emergencial.
Fato 2. O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), havia decretado na manhã esta sexta-feira (26) lockdown –fechamento de serviços não essenciais– e toque de recolher ampliado até dia 8 de março.
Fato 3. A fala de Bolsonaro azedou as relações entre o governador do Paraná, filho do apresentador Ratinho, do SBT.
Bolsonaro genocida
“A pandemia nos atrapalhou bastante, mas nós venceremos este mal, pode ter certeza. Agora, o que o povo mais pede, e eu tenho visto em especial no Ceará, é para trabalhar. Essa politicalha do ‘fica em casa, a economia a gente vê depois’ não deu certo e não vai dar certo. Não podemos dissociar a questão do vírus e do desemprego”, discursou o presidente da República.
Bolsonaro ameaçou governadores que adotaram medidas para conter o avanço da pandemia nos estados.
“São dois problemas que devemos tratar de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. E o povo assim o quer. O auxílio emergencial vem por mais alguns meses e, daqui para frente, o governador que fechar seu estado, o governador que destrói emprego, ele é quem deve bancar o auxílio emergencial. Não pode continuar fazendo política e jogar para o colo do Presidente da República essa responsabilidade”, disse o presidente.
O presidente Bolsonaro, como de praxe, aglomerou e não usou máscara no Ceará.
Ratinho sensato
Ratinho Junior, por sua vez, argumentou que “é um momento delicado, em que precisamos tomar medidas mais duras para conter a contaminação da Covid-19. Precisamos do apoio de todos os municípios para vencermos mais essa batalha, em nome da saúde dos paranaenses”.
O governador do Paraná pediu a compreensão das pessoas porque, segundo ele, a estrutura é finita. “Sem contar a questão dos profissionais da saúde, cada vez mais sobrecarregados e cansados em virtude de uma pandemia que já dura um ano. Serão dias turbulentos e, mais do que nunca, precisamos que quem puder fique em casa”, afirmou.
Ratinho x Bolsonaro
O lockdown no Paraná opõe Ratinho a Bolsonaro pela segunda vez desde o início da gestão de ambos, em 1º de janeiro de 2019.
A primeira vez que houve um estranhamento entre os dois políticos foi quando Ratinho Junior foi lembrado como candidato a presidente nas eleições 2022.
O pai do governador, o apresentador Ratão, nunca escondeu de ninguém que sonha levar o filho ao Palácio do Planalto.
Até ontem, Bolsonaro e os Ratinho se toleravam, se frequentavam, se curtiam, porém, havia uma pandemia no meio do caminho.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.