Bolsonaro no bico do corvo

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), apesar de um terço de aprovação nas pesquisas, hoje, vai mal, muito mal. Ele está no bico do corvo, prestes a ser devorado, como se explica abaixo.

Conversando com conhecido CEO de instituto de pesquisa, esta semana, chegamos à conclusão de que Bolsonaro palmilha os mesmos passos da presidenta Dilma Rousseff (PT) rumo ao impeachment.

Quem não se lembra da estratosférica aprovação da petista nas vésperas de 2013 e, por um triz, a reeleição de 2014?

O jogo da velha mídia é descer o porrete em Bolsonaro, desconstruir sua frágil imagem, para derrubá-lo na sequência.

Note o caríssimo leitor que os atores que querem Bolsonaro fora do poder não discutem o ‘projeto de nação’, que desejam diferente. Pelo contrário. Eles querem “mudar” para deixar tudo “igual”, portanto, uma mudança leopardiana: “Algo deve mudar para que tudo continue como está.”

A Globo e Folha, por exemplo, tentam construir uma rejeição contra a figura do presidente da República, não contra o que ele representa: neoliberalismo, fome, privilégio para banqueiros, concentração de renda, desemprego, recessão, mortes pela Covid-19, enfim, é o “Diabo” na terra com sua necropolítica.

Economia

Na prática, os jornalões e a emissora dos Marinho, com a anuência de setores de esquerda, aspiram tirar Bolsonaro para deixar tudo como exatamente está. Mudaria Bolsonaro, mas a economia ficaria intacta.

Após conversão com o CEO do instituto de pesquisas, chegamos à conclusão de que Bolsonaro está no bico do corvo. Qualquer “gripezinha” mais forte poderá derrubá-lo do Palácio do Planalto, mas, por falta de projeto, tudo tende continuar como está…

Quanto aos debates que dominam o noticiário político da velha mídia, com repercussões até aqui nesta página, trata-se de um falso debate, uma distração. Desde quando o gasto do cartão de crédito corporativo, a demissão do ministro Sérgio Moro e a nomeação do diretor-geral da Polícia Federal são mais importantes para a Nação?

Enquanto o Brasil é distraído pelo falso debate, o Congresso Nacional, com apoio da velha mídia, liquida o patrimônio público com novas privatizações; o “Orçamento de Guerra” [contra o povo] promulgada na semana passada; os parlamentares aprovam mais privilégios para banqueiros e especuladores; etc.; enfim, o ministro Paulo Guedes governa de fato.

A proposta da mídia corporativa e dos banqueiros é a seguinte: Bolsonaro sai, mas Paulo Guedes fica no próximo governo.

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Bolsonaro diz que pode divulgar trecho de vídeo de reunião ministerial

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (13) que pode divulgar a parte do vídeo de uma reunião ministerial em 22 de abril em que trata do que diz ser a segurança da sua família no Rio de Janeiro.

Perguntado por jornalistas se poderia divulgar o vídeo, Bolsonaro disse que iria levar a “sugestão” ao advogado-geral da União, José Levi, de tornar pública parte da gravação que registrou a reunião.

“Por mim, eu divulgo” , disse o presidente. “Se eu não me engano, o Celso de Mello ontem oficiou aí o advogado do Moro, a AGU e a Justiça exatamente para ver se a gente entra nessa linha para divulgar, mesmo com os palavrões que eu falo sempre”, disse o presidente a jornalistas ao deixar o Palácio da Alvorada.

Bolsonaro alega que não falou as palavras “Polícia Federal”, “superintendência” e “investigação” na reunião gravada em vídeo, e sim tratou dos riscos e a necessidade de melhorar a segurança dos filhos no Rio.

A reunião ministerial do dia 22 de abril foi citada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro no depoimento que deu no âmbito do inquérito aberto, cujo relator é o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar as acusações feitas por Moro ao anunciar que pediu demissão do cargo de que Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal.

Em reunião ministerial, Bolsonaro disse que perseguição à família justificaria troca da PF do Rio

Em reunião ministerial no dia 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro disse que a perseguição a seus familiares justificaria a troca do então superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro e afirmou que, se ela não fosse efetivada, trocaria o diretor-geral da PF e o próprio ministro da Justiça e Segurança Pública, cargo então ocupado por Sergio Moro, relatou à Reuters uma fonte com conhecimento do vídeo da reunião.

O presidente, segundo a fonte, fez uma defesa enfática dessa troca durante a reunião, ocorrido dois dias antes da demissão de Moro e do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.

Mais cedo, a defesa de Sergio Moro havia afirmado que o vídeo da reunião “confirma integralmente” declarações do ex-ministro de que, naquela ocasião, o presidente teria cobrado a troca do superintendente da PF no Rio de Janeiro e defendeu a divulgação na íntegra da gravação.

“Assistimos hoje ao vídeo da reunião interministerial ocorrida em 22 de abril. O material confirma integralmente as declarações do ex-ministro Sérgio Moro na entrevista coletiva de 24 de abril e no depoimento prestado à PF em 2 de maio”, disse o advogado Rodrigo Sánchez Rios em nota.

“É de extrema relevância e interesse público que a íntegra desse vídeo venha à tona. Ela não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional”, completou.

Procurada pela Reuters para comentar, a Secretaria de Imprensa da Presidência não respondeu de imediato.

Moro veio a Brasília assistir à exibição do vídeo pessoalmente, ao lado de seu advogado e de outros envolvidos no caso.

Segundo depoimento prestado por Moro no âmbito de investigação sobre as acusações que fez contra Bolsonaro, o presidente teria dito na reunião que iria interferir em todos os ministérios e, quanto à pasta da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o superintendente da PF no Rio, trocaria o diretor-geral da corporação e o próprio ministro da Justiça.

Essas declarações levaram à saída de Moro e de Valeixo do governo e à abertura de um inquérito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar as declarações.

Por ora, o ministro Celso de Mello, relator do caso no STF, ainda não liberou a divulgação da íntegra do vídeo após a Advocacia-Geral da União (AGU), que representa Bolsonaro no inquérito, ter dito inicialmente que haveria temas sensíveis e de estado alheios à investigação tratados no encontro.

O ministro do STF já tinha decidido que todo o andamento do inquérito será público e poderá em breve decidir sobre a divulgação ou não do vídeo, tido por envolvidos no caso como uma das principais provas que pode haver contra o presidente, segundo duas fontes envolvidas relataram à Reuters.