Sob Bolsonaro, aumenta fuga de capital do Brasil para o estrangeiro

O governo do presidente Jair Bolsonaro virou um vírus para o capital dos brasileiros, que foge para o estrangeiro. No mês setembro, o volume dessa fuga bateu recorde histórico: US$ 293 milhões, ou R$ 1,6 bilhão.

Note caríssimo leitor que se trata de brasileiros debandando suas divisas para o estrangeiro. Não é o capital estrangeiro fugindo para portos mais seguros. Portanto, são nacionais que buscam maior segurança que Bolsonaro e Paulo Guedes, ministro da Economia, não conseguem assegurar a seu capital.

Além da própria insegurança com o câmbio, em que o real se desvaloriza frente ao dólar, há o problema da falta de perspectiva do governo. Inexiste uma política clara de recuperação do país do ponto de vista do emprego, da renda e da produção.

Do ponto de vista de futuro, o Brasil pode não ter de onde tirar recursos –a não ser da remuneração do capital especulativo– para bancar milhões de famintos no pós-pandemia. Essa pressão tende a aumentar depois da eleição de 2020, quando começa a luta de Bolsonaro para continuar no cargo.

Banco Central registra recorde de remessas de dólares para o Brasil

Com a alta do dólar, as remessas de brasileiros que vivem no exterior para familiares no Brasil têm batido recordes. Em setembro, foram registradas US$ 293 milhões de receitas de transferências pessoais, segundo dados do Banco Central (BC). Esse foi o maior volume para o mês de setembro, na série histórica, iniciada em 1995. Em setembro de 2019, as transferências somaram US$ 248,6 milhões.

Economia

De janeiro a setembro deste ano, foram US$ 2,407 bilhões enviados para o Brasil, crescimento de 11,6% em relação a igual período de 2019. Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o dólar mais caro faz com que o dinheiro convertido em reais no Brasil represente um volume maior de recursos. Ele diz que isso pode incentivar os brasileiros no exterior a mandarem mais dólares para o país.

“Como a pessoa no exterior que está mandando para seus parentes no Brasil sabe que aquela mesma quantidade de dólares que manda sempre vai representar uma quantidade maior, pode ter um incentivo para aumentar esse fluxo em dólares”, disse, ao apresentar o relatório das contas externas, na última sexta-feira (23).

Por outro lado, a alta do dólar desestimula o envio de recursos do Brasil para o exterior. Em setembro, essas transferências chegaram a US$ 128 milhões, queda de 18,9% na comparação com o mesmo mês de 2019. No acumulado do ano até setembro, o valor chegou a US$ 1,065 bilhão, recuo de 31,1% contra igual período de 2019.

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