Requião Filho: Do discurso à realidade

Após três anos de ostracismo, Governador promete obras para os últimos meses de mandato

Por Requião Filho*

Abrimos esta semana, oficialmente, mais uma sessão do legislativo paranaense, com toda pompa e asseclas ao lado, com até ex-opositores ávidos por atenção. E o governador, no centro das atenções, fazendo mais uma propaganda do “case” que chama de governo, tratando sempre o povo e o Paraná como uma máquina que faz e tritura dinheiro, sem considerar sua população.

Cinco pontos do discurso chamaram atenção:

Quanto ao pedágio, brada aos sete ventos sobre um edital e contrato que ninguém ainda viu, que leilão algum foi feito. Confia na palavra de um presidente que é conhecido por não cumprir a palavra e que não demonstrar grandes chances de ser reeleito este ano. O que é fato? 15 novas praças somadas às 27 que existiam antes, totalizando 42 pontos de sangria ao bolso do povo paranaense, por mais trinta anos. Outro fato é a resposta da ANTT ao Tribunal de Contas da União, dizendo que há riscos de pedágios MAIS CAROS ao povo. No entanto, as vozes das cabeças de quem faz as contas do governo, pelo jeito, dizem o contrário.

Ao falarmos da crise hídrica, qual habitante do nosso Estado não sofreu com metade dos dias de água e o dobro de valores na conta? É uma falácia falar em investimento às custas do povo. Enquanto no alto do Palácio das Araucárias o governador apertava a mão de empresários e acionistas, o povo lá embaixo sofria com uma crise pesada, para chegar no ano eleitoral e o governador decidir que está tudo bem e retirar o pesado rodízio. Quando se fala de nível de água, não estamos falando de uma caixa, nem de uma piscina. Operar no limite e sem obras de prevenção foi o que nos levou à crise, não foi apenas um sol que evaporou toda a água do reservatório. O povo não é bobo e um discurso desse, para quem pagou os dividendos dos acionistas nesses três anos, é uma afronta.

Economia

Quanto ao emprego, o governador citou números menores do que a que recebemos na resposta oficial do governo nesta semana… Me questiono, quem sabe, de fato, os números? Descobrimos, inclusive, que devido a um erro na contagem do CAGED e de novas metodologias de conta, 50% do divulgado de empregos em 2020, evaporou. O que aconteceu? Onde está o profissionalismo e a eficiência tão propagada, se um dado simples por várias vezes é alterado? Em qual eu posso confiar?

Me surpreendi com a notícia dos portos, afinal um volume tão grande deve ser para trazer alimento para o povo, produtos de qualidade. Mas o grande volume anunciado pelo governador refere-se à empresas de fora, comprando o que produzimos a preço de banana!!!! E sabem qual é o item que o Paraná mais importa? Fertilizantes, seguido de petróleo, álcool, malte e cevada… Onde está o nosso Estado garantindo qualidade para a população? Servimos apenas como um grande moinho que tritura os sonhos dos paranaenses? Exportamos barato e compramos caro insumos básicos para continuar vendendo barato. A conta não fecha e quem lucra são poucos, os grandes, aqueles que interessam que esse governo continue ali.

Por fim, a tal modernização da educação que eles propagam é um conto, terceirização dos cursos técnicos pagando merreca para os professores via universidade privada, o aumento abaixo da inflação para os professores de carreira, o desprezo completo pela história dos educadores que formaram nosso povo e a tentativa de divisão entre as categorias. É preciso valorizar o professor, dando respeito, dignidade, salário justo e uma carreira consolidada, é preciso incentivar o vínculo do educador com a escola, para que este possa compreender a singularidade de cada aluno.

Vimos hoje o mesmo discurso da campanha eleitoral de 2018, promessas de alguém que nunca fez, como a anedota de construir 16 presídios nesse ano (afinal é seu último). O Paraná está cansado de falsas promessas, prometeu, não cumpriu e quer que acreditem nele novamente.

*Requião Filho, advogado, é deputado estadual pelo MDB do Paraná.