Moro x Bolsonaro é só ‘mimimi’ e nada de concreto

O ex-ministro Sérgio Moro quer transformar sua saída do governo Jair Bolsonaro uma longa e chata novela. Neste sábado (2), em Curitiba, ele deu início ao périplo que tem ‘mimimi’ de sobra e nada de concreto que possa levar à nocaute o presidente da República.

Nós, os paranaenses, já estamos escolados com esse modelo de político. Entre 2016 e 2018, por exemplo, o irmão do senador Alvaro Dias (PODE), o Osmar, ficou dois anos dizendo que havia sido “traído” pelo então governador Beto Richa (PSDB). O tucano, por sua vez, dizia o mesmo, que fora “chifrado” pelo ex-amigo.

A lengalenga entre Richa e Osmar Dias se estendeu até as convenções partidárias de 2018, quando, para surpresa geral, o irmão de Alvaro não concorreu ao governo do Paraná, bagunçou o palanque de Roberto Requião (MDB), e deu a vitória para Ratinho Junior (PSD), aliado de primeira hora do ex-governador tucano.

A escola de Moro é a mesma de Osmar e Alvaro Dias, portanto.

Dito isso, a tendência é que Bolsonaro e Moro fiquem trocando adjetivos em público. Traíra daqui, traíra dali, mas devem ficar mesmo no ‘mimimi’ de sempre. Até porque eles não têm diferença no pensamento sobre economia [se é que pensam alguma coisa]. Ambos só querem se dar bem e defendem ferrar os trabalhadores. Para isso contam com o apoio da velha mídia.

Essa novela chatíssima –Moro x Bolsonaro– pode terminar somente em julho de 2022. O tempo nesse caso é desfavorável ao ex-juiz da Lava Jato, que, pelo retrospecto da história, é candidatíssimo a “Joaquim Barbosa”, que, de herói, caiu no ostracismo absoluto.

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Pesquisa: Bolsonaro e Lula disputaria o 2º turno; ex-ministro Moro ficaria de fora

A Paraná Pesquisas afirma que se eleição de 2022 fosse hoje, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula iriam para o segundo turno. O ex-ministro Sérgio Moro ficaria fora da segunda etapa eleitoral.

De acordo com o instituto, Bolsonaro tem 26,3% das intenções de voto, Lula 23,1%, o que caracterizaria empate técnico entre os dois.

Em terceiro lugar aparece Moro, 17,5%.

Note o leitor que nem Bolsonaro nem Moro possuem partido que possa sustentar sua campanha eleitoral.

Feito esse reparo, no cenário em que Lula é substituído por Haddad, a coisa muda um pouco: Bolsonaro e Moro avançariam para o segundo turno, e o petista ficaria na estrada.

Bolsonaro lidera com 27%, seguido de Moro com 18,1% e Haddad aparece com 14,1%. Mas aí o partido pode fazer a diferença e empurrar o candidato do PT no segundo turno, como já ocorreu em 2018.

A Paraná Pesquisas fez o levantamento entre os dias 26 e 29 de abril. A margem de erro é de 2% para mais ou para menos.

O quadro é mais ou menos esse: Moro só prospera na política se a candidatura de Lula for definitivamente arquivada, ou seja, se o petista não recuperar seus direitos políticos e continuar inelegível.

A sondagem em tela também identificou que Bolsonaro perdeu o eleitor lavajatista e dificilmente irá recuperá-lo até a eleição de 2022.

Resumo da ópera: politicamente falando, Moro está com um jeitão de Joaquim Barbosa, que, após deixar a toga, caiu no ostracismo completo.