Moro “safadão” diz ao FT que foi “usado” por Bolsonaro

Chamado no último sábado (25) de “safadão” pela presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o ex-ministro Sérgio Moro disse ao jornal britânico Financial Times que sua presença na equipe ministerial foi usada como desculpa para demonstrar que medidas anticorrupção estariam sendo tomadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Moro afirmou ao FT que o governo não estava fazendo muito e que esta agenda vem sofrendo reveses desde 2018, quando Bolsonaro se elegeu –com a ajuda dele, Moro, e de membros da força-tarefa Lava Jato.

“Uma das razões para eu sair do governo foi que não estava se fazendo muito (pela agenda anticorrupção)”, destacou Moro à publicação. “Eles estavam usando minha presença como uma desculpa, então eu saí. A agenda anticorrupção tem sofrido reveses desde 2018”, disse.

O perfil no Twitter “Cria Cuervo”, alter ego do ex-senador Roberto Requião (MDB-PR), não perdeu tempo para ironizar o ex-juiz da Lava Jato: conversa de “quenga” arrependida.

O jornal britânico recordou que a saída de Sérgio Moro foi marcada pela acusação de que o presidente Bolsonaro teria interferido politicamente na Polícia Federal. E resgatou que um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) investiga as declarações do ex-ministro.

Moro comentou que não se combate corrupção sem respeitar a lei e as instituições, embora ele sempre tenha agido fora da lei, como deixaram claro as mensagens reveladas pela “Vaza Jato”, as reportagens do site The Intercept Brasil. “Ele mudou o diretor da Polícia Federal sem pedir minha opinião e sem uma boa causa. Não acho que dá para combater corrupção sem respeitar a lei e a autonomia das instituições que investigam e denunciam crimes”, escusou-se.

Economia

O ex-juiz Sérgio Moro também disse que no começo o governo parecia evitar esse tipo de prática do toma-lá-dá-cá do Centrão, mas que hoje em dia não tinha tanta certeza. Pausa para risos, aqui no Blog do Esmael.

Centrão é um grupo fisiológico que sempre dominou a política brasileira, da ditadura à transição democrática, e sobreviveu a todos os governos. O principal líder desse Centrão é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que segura 48 processos de impeachment de Bolsonaro.

Sérgio Moro está isolado, sem partido e sem palanque. Ele tem apoio de setores da velha mídia e dificilmente terá fôlego para chegar até 2022.

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Lula diz à Al Jazeera que Bolsonaro é responsável pelas mortes por Covid-19

O ex-presidente Lula afirmou à TV Al Jazeera que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é o responsável pelas milhares de mortes por Covid-19 no Brasil.

O petista disse que o combate à pandemia é ineficiente porque o ministro da Saúde não entende de saúde.

Na entrevista à Al Jazeera, Lula mostrou ao mundo um Bolsonaro irresponsável e por isso teria sido infectado pelo coronavírus.

“É uma estupidez do presidente da República brincar com a doença”, criticou Lula, que classificou as atitudes de Bolsonaro como um “genocídio” ao promover a morte.

“Ele não está preparado para exercer o cargo”, emendou o petista.

“Ele [Bolsonaro] pensava em dar um golpe de Estado”, avaliou. O petista recordou a militarização do governo, mas disse não acreditar em golpe com participação de militares.

O ex-presidente brasileiro também denunciou o envolvimento dos Estados Unidos nos assuntos latino-americanos. De acordo com Lula, os americanos sempre estão por trás nas mudanças de regime na região.

“Os americanos tratam a América Latina como se fosse o quintal deles”, disparou o ex-presidente.

Lula voltou a acusar a Lava Jato de ter montado uma farsa para condená-lo e tirá-lo da disputa presidencial de 2018 –e favorecer a eleição de Bolsonaro.

O ex-presidente ficou preso por 580 dias na Polícia Federal de Curitiba, embora nunca tenha surgido provas contra ele.

“O ex-juiz Sérgio Moro e a Lava Jato foram serviçais dos Departamento de Estado dos EUA”, acusou. “Objetivo era destruir empresas brasileiras que estavam ganhando licitações internacionais”, ressaltou.

O petista também questionou as delações premiadas em que os delatores ficaram com parte dos recursos desviados. O ex-presidente sugeriu uma pauta para Al Jazeera investigar esse fato.

Na entrevista, Lula anunciou ainda que o PT vai ingressar nas Justiça dos EUA para saber a relação do FBI com a Lava Jato.

Lula foi presidente do Brasil de 1º de janeiro de 2003 a 31 de dezembro de 2010.

A Al Jazeera apresentou o ex-presidente como o ex-líder sindical que tirou milhões de pessoas da pobreza em um dos países mais desiguais do mundo.

Assista ao vídeo: