Gleisi diz que a Folha quer escravizar os trabalhadores brasileiros

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que um editorial da Folha de S.Paulo vai na contramão das conquistas históricas dos trabalhadores e tenta naturalizar a exploração ao se posicionar contra o fim da escala 6×1. Segundo ela, se dependesse desse tipo de linha editorial, direitos básicos jamais teriam existido no Brasil.

A declaração foi feita nas redes sociais após a Folha criticar a proposta de redução da jornada, alegando ausência de “estudos técnicos”. Para Gleisi, o jornal cobra evidências que ele próprio não apresenta para sustentar a manutenção de um modelo que sacrifica a vida do trabalhador.

A ministra lembrou que a jornada semanal de 40 horas ou menos é realidade em grande parte dos países desenvolvidos e integra uma pauta histórica do movimento sindical. Na sua avaliação, trabalhar menos não é privilégio, mas condição mínima para dignidade, convivência familiar e saúde mental.

“Ter tempo para viver é um direito”, escreveu Gleisi, ao afirmar que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apoia com firmeza o debate sobre o fim da escala 6×1 como parte de uma agenda civilizatória.

No ataque mais duro, a ministra afirmou que, se dependesse de editoriais como o da Folha, os trabalhadores não teriam salário mínimo, férias remuneradas, 13º salário nem jornada de oito horas. E foi além ao dizer que, nesse raciocínio, nem a abolição do trabalho escravo teria ocorrido.

O embate com a Folha ocorre poucos dias após Gleisi enfrentar o O Estado de S. Paulo, que publicou editorial no Natal defendendo o fim da política de valorização real do salário mínimo e atacando a vinculação do piso às aposentadorias e ao BPC.

Na avaliação da ministra, os dois jornalões compartilham a mesma matriz ideológica. Segundo ela, esses veículos não defendem os interesses da maioria da população porque mantêm relações cruzadas com os oligarcas do sistema financeiro da Faria Lima.

Gleisi sustenta que, enquanto atacam políticas sociais e direitos trabalhistas, esses jornais silenciam sobre o verdadeiro nó fiscal do país, os juros elevados da dívida pública, impulsionados por uma Selic em patamar estratosférico.

Para a ministra, a escolha editorial não é técnica, é política. Preserva o rentismo, transfere o custo do ajuste para trabalhadores, aposentados e os mais pobres e bloqueia qualquer debate sério sobre desenvolvimento com justiça social.

O confronto explicita uma disputa de projetos que tende a se intensificar no debate nacional. De um lado, a valorização do trabalho e do tempo de vida. Do outro, a defesa de um modelo que trata direitos como custo e naturaliza a exploração.

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