Frente Ampla realiza ato e publica o manifesto “Direitos Já”

Um ato público reuniu em em São Paulo, na noite desta segunda-feira (2), um amplo espectro político e social para o lançamento do manifesto Direito Já – Fórum pela Democracia.

O evento, realizado no Teatro da PUC, deverá ser replicado em outros lugares do país tendo como bandeira central a defesa da democracia e os direitos sociais ameaçados pelo governo de Jair Bolsonaro. Participaram do ato, o governador do Maranhão, Flávio Dino, Ciro Gomes, os presidentes da UNE e UBES, a vice-governadora de Pernambuco e presidenta do PCdoB Luciana Santos, O Cardeal Dom Cláudio Hummes arcebispo emérito de São Paulo, ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro Aldo Rebelo, e o cientista Noam Chomsky.

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O ato foi aberto pelo sociólogo Fernando Guimarães, que tomou a iniciativa de criar o movimento reunindo lideranças políticas e sociais em defesa do Estado Democrático de Direito. Guimarães afirmou que “o Direitos Já! é um espaço de diálogo, de convergência em torno da defesa da democracia, dos direitos humanos e da liberdade”.

Lançado durante o ato, o manifesto afirma que “o momento exige união e vigilância constante. É preciso que as forças democráticas do país superem suas diferenças programáticas e estejam conectadas e engajadas em torno de uma pauta comum: a defesa irrevogável dos direitos conquistados pela população brasileira”.

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O Cardeal Dom Cláudio Hummes, o arcebispo emérito de São Paulo e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), ao lado de representantes de diversas outras religiões, saudou a iniciativa do movimento.

Para o cardeal “a organização é fundamental para a defesa da democracia e dos direitos e apenas a sociedade organizada é capaz de pressionar legitimamente por seus direitos”. Dom Cláudio destacou a defesa da Amazônia, criticou o fim da demarcação de terras indígenas e ressaltou o Brasil deve defender a Amazônia respeitando os povos indígenas e a soberania nacional.

Antonio Neto, presidente da Central Sindical do Brasil (CSB), falou em nome das centrais sindicais, acompanhado dos presidente da CTB, Adilson Araújo; da CGTB, Bira Dantas e da Força Sindical, Miguel Torres.

Para ele ali estava presente uma geração vitoriosa, que derrotou a ditadura militar, conquistou a Constituição Cidadã e elegeu Lula, o primeiro operário presidente do Brasil.

Em nome dos estudantes brasileiros falaram Pedro Gorki, presidente da Ubes, e Iago Montalvão, presidente da UNE.

A vice-governadora de Pernambuco e presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, lembrou que, ao longo da história, “o povo brasileiro sempre teve valentia, sagacidade e senso de justiça”.

“O movimento Direitos Já é justamente a expressão da amplitude necessária neste momento”, enfatizou Luciana que encerrou sua fala citando versos da música Canção pela Unidade da América Latina, de Pablo Milanés e Chico Buarque, que diz: “A história é um carro alegre, cheio de um povo contente, que atropela indiferente todo aquele que a negue.

O ex-ministro Ciro Gomes(PDT) destacou a necessidade do envolvimento de todos no resgate da democracia. Ciro lembrou que as elites exploram o medo da população para dominá-la e citou a eleição de Bolsonaro como exemplo na medida em que ele explorou a violência urbana para se apresentar como alternativa.

O governador Flávio Dino (PCdoB) destacou fatores que considera importantes para fortalecer a mobilização pela democracia. A primeira é a defesa da soberania nacional, inclusive para se diferenciar do falso patriotismo de Jair Bolsonaro apropriação. Em seguida afirmou que as forcas democráticas e progressistas é que de fato se opõem à corrupção e não os que ocultam a maior corrupção que é desigualdade social.

Portanto, é preciso resgatar o verdadeiro combate à corrupção. Dino citou o desmonte que vem ocorrendo nas áreas de educação e ciência e tecnologia. Para ele “não há nação soberana com o processo criminoso em curso de desmonte da pesquisa, da ciência, das universidade que está sendo feito pelo governo Bolsonaro”.

O governador defendeu ainda um julgamento justo para o ex-presidente Lula e que isto não deveria separar separar os que participavam daquele ato, mas sim unir, em defesa do do estado de direito. Por fim afirmou que “se o juiz é sócio da acusação ele é tudo menos juiz”.

Ao longo do evento falaram também representes de vários partidos, parlamentares e personalidades como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro Aldo Rebelo,que enviaram mensagens em vídeos, além do professor norte-americano Noam Chomsky, que fez alentada defesa da democracia que se encontra ameaçada em todo mundo pelo retrocesso político, inclusive com a ascensão de forças de matiz fascista.

Leia abaixo a íntegra do Manifesto:

Direitos Já – Fórum pela Democracia

O Brasil vem enfrentando nos últimos anos uma explosiva combinação de crises econômicas, fiscais, éticas e de representatividade. O resultado é um sentimento de desesperança e descrédito nas instituições e valores democráticos. A classe política é vista como parte do problema, e não da solução.

Na ânsia de virar a página da recessão, desemprego, violência e escândalos bilionários de corrupção, a sociedade brasileira foi manipulada por notícias falsas, demonização de pautas identitárias e movimentos sociais, e pela promessa de soluções fáceis, rápidas e definitivas.

As eleições de 2018 foram marcadas pela ascensão política de um discurso ultranacionalista, religiosamente fundamentalista, de ataque a instituições e segmentos sociais. Ao atacar a complexidade dos processos político e social do país, e rotulá-las como origem dos problemas do Brasil, as forças vencedoras do pleito, paradoxalmente, atacam a própria democracia e a legitimidade dos anseios de parcelas da população.

Em 1988, com os horrores do Estado de Exceção da Ditadura Militar frescos na memória, o povo brasileiro escolheu o caminho de uma Constituição Cidadã, que preconiza a justiça social, o acesso universal aos direitos fundamentais e à proteção contra as diversas formas de opressão. Hoje, aqueles que estão no poder tentam reescrever a nossa História. Tanto negando os malefícios dos Anos de Chumbo, quanto relativizando ou mesmo atacando garantias e direitos constitucionais conquistados pelo povo brasileiro.

Em nome de valores morais submissores e de um desenvolvimento econômico excludente, estão sob ataque os direitos humanos e trabalhistas, a pluralidade de pensamentos, liberdade de imprensa, de cátedra e de crença, o conhecimento científico, o meio ambiente e até mesmo a tradição diplomática brasileira. Os impactos serão diretamente sentidos pelos segmentos mais vulneráveis e, em alguns casos, com efeitos nocivos que durarão gerações.

O momento exige união e vigilância constante. É preciso que as forças democráticas do país superem suas diferenças programáticas e estejam conectadas e engajadas em torno de uma pauta comum: a defesa irrevogável dos direitos conquistados pela população brasileira.

Com este objetivo nasce o Direitos Já – Fórum pela Democracia, uma iniciativa suprapartidária, plural e aberta a todas e todos, pessoas e instituições, que desejam se engajar na vigilância e defesa da nossa democracia.

As informações são do Portal Vermelho.