Alvaro Dias*
Quanto mais livre e atuante é a oposição, mais democrático é o regime político. No Brasil, a oposição, embora numericamente raquítica, faz do Congresso o espaço legítimo para manifestação. Durante os últimos anos, denunciamos os desmandos do governo na área econômica e também o balcão de negócios para a conquista de apoio político.
Atualmente, grande parte do que identificamos em relação a Petrobras está sendo investigado pela Polícia Federal, Ministério Público, Justiça Federal e Tribunal de Contas da União. Como resultado das CPIs, protocolamos 18 representações junto ao Procurador-Geral da República. As denúncias foram feitas em 2009 e, dessas representações, surgiram os inquéritos instaurados pelo Ministério Público Federal.
O Poder Legislativo não deve concorrer com as instituições que estão atuando, porque constantemente nós somos cobrados como se devêssemos instalar novas CPIs, para investigar aquilo que já está sendo investigado com maior autoridade e competência.
Estamos vivendo um momento de mudança do paradigma de justiça, que merece ser celebrado. O Parlamento não pode se contrapor à Operação Lava Jato. Um novo conceito de justiça emergiu do mar de ilícitos. Devemos, sim, estar atentos e atuar para garantir a continuidade e regularidade do trabalho que está sendo realizado pelas instituições. Creio que essa é nossa missão nessa hora: corroborar, valorizar, apoiar, para que essas investigações alcancem o resultado desejado pelo povo brasileiro.
Também temos o dever de oferecer marcos legais para o efetivo combate à corrupção, com a aprovação de projetos em tramitação, como o que muda as regras da prescrição penal para reduzir a impunidade, bem como o projeto sugerido pela Ajufe que inibe manobras processuais utilizadas pelo réu para responder em liberdade, a exemplo de tantos outros.
Os parlamentares, especialmente os de oposição, precisam interpretar as inquietações e necessidades populares. Caso não atuem com esse espírito, produziremos um distanciamento, cada vez maior, dos eleitores, o que não é desejado, visto que o desprestígio dos políticos pode corroer o prestígio da instituição parlamentar e a própria democracia.
*Alvaro Dias é senador pelo PV. Ele escreve nas quartas-feiras para o Blog do Esmael sobre “Ética na Política”.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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