Ato em Lisboa e em mais oito cidades portuguesas realizam homenagem à Marielle

Homenagem à Marielle Franco mobilizou mais de mil pessoas em nove cidades portuguesas. Em Lisboa, maior concentração, o ato foi no Largo Camões, convocado por coletivos de brasileiros, organizações feministas, anti-racistas, também a  secretária de Estado para a Igualdade, Rosa Monteiro, se juntou aos manifestantes. “Luto e luta”, foram as palavras de ordem que se ouviram em nove cidades de norte a sul do país onde a vereadora carioca foi lembrada em concentrações, como as de Aveiro, Braga, Coimbra, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu, Porto e Covilhã.

“Uma mulher política, negra, lésbica, defensora dos mais vulneráveis. Para dizer que estamos presentes e vamos continuar presentes nesta luta pela defesa intransigente dos direitos humanos”, afirmou a secretária de Estado, Rosa Monteiro.

Para Maria Eduarda Otoni, a grande comunidade brasileira em Portugal contribuiu para uma adesão alargada às manifestações. Contudo, aponta que a morte de uma defensora dos direitos humanos “deveria sensibilizar todas as pessoas no mundo”. “Eu acredito que a atual estrutura do Brasil está tão caótica que talvez a morte de Marielle, que era o símbolo de todas as coisas que são oprimidas em todo o mundo, tenha sido a gota de água”, diz a brasileira, que vive em Portugal há mais de dois anos.

 Para Raquel Rodrigues, a morte da vereadora brasileira soou a “um aviso de que determinadas pessoas, quando chegam a um determinado patamar, começam a tornar-se um incômodo”. A presidente da Femafro – Associação de Mulheres Negras, Africanas e Afrodescendentes em Portugal, sublinha que a “execução” de Marielle Franco tem também um recorte de gênero. “A morte da Marielle significou muito para muitas mulheres, mas significa muito mais para as mulheres negras. Estarmos aqui todas é dizermos que, enquanto mulheres, não admitimos estar a ser violentadas no nosso espaço.”

Ana Caroline Santos, do coletivo Andorinha – um dos movimentos que convocaram o protesto –, afirmou à agência Lusa que a importância desta concentração é que haja “uma solidariedade internacional perante o que acontece no Brasil, o assassínio de duas pessoas, sendo uma delas uma mulher negra, política, defensora dos direitos humanos, é algo que mostra para o mundo o que, de fato, está acontecendo no Brasil”.

 

Economia

Na cidade, a organização partiu da APEB, do grupo Esquerda Brasileira em Coimbra e da Assembleia Feminista de Coimbra. E também aqui o peso da comunidade brasileira terá levado a que as vozes falassem mais alto – a organização estima que tenham estado 200 pessoas no protesto desta tarde.

“Como mulher, como descendente de negros, também periférica, consigo me identificar”, justifica Luciana Carmo, que recorda que muitos dos estudantes brasileiros em Coimbra foram beneficiários de programas sociais, nomeadamente as cpotas que permitem que negros e alunos de escolas públicas tenham mais oportunidades de acesso ao ensino superior.

*Com informações de Público/Foto de Mauricio Moura

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