Boulos: Aumento da população de rua é ‘química explosiva’ em São Paulo

Boulos na Vigília 20Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, publicada nesta quarta (31), Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e candidato do PSOL à presidência da República em 2018,  vê o aumento da população de rua em São Paulo como resultado de uma “química explosiva” que reúne problemas econômicos e descontinuidade de políticas públicas.

Sem ações emergenciais e investimentos de longo prazo, ele prevê possível aumento de “ocupações”. “Não é uma questão da vontade dos movimentos sociais”, diz, mas consequência da situação.

“O aumento [das ocupações] é produto de uma química explosiva. É o encontro do desemprego, da falta de investimento público e da recessão com o esvaziamento das políticas habitacionais. Nós temos, em São Paulo, um déficit habitacional de 360 mil famílias, na estimativa mais recente, o que dá 1,2 milhão de pessoas”, declarou Boulos.

“Sem falar no número de famílias que vivem em situação precária, que são mais de 850 mil. Nós estamos falando de mais 3 milhões de pessoas. Na prática, um terço da população de São Paulo está afetada direta ou indiretamente pelo problema de moradia”, acrescenta Boulos.

Para o líder do MTST,  o corte nos investimentos do programa Minha Casa Minha Vida no ano passado na faixa 1, para os mais pobres, o maior programa habitacional do país, teve um investimento de só 10% do valor comparado com ano de 2013. O que resultou, segundo ele, “em famílias inteiras nas ruas. E isso seguramente vai significar um aumento de ocupações. Não é uma questão da vontade dos movimentos sociais”, disse.

Boulos acredita que são necessárias medidas emergênciais para enfrentar a crise de moradia, mas avisa que somente uma nova política econômica de inclusão e de mais investimentos públicos será capaz de começar inverter a situação de caos social.

Economia

Guilherme Boulos também foi perguntado sobre uma possível candidatura à prefeitura de São Paulo em 2020 pelo PSOL. Segundo ele,  a questão ainda é tema de debate no partido e entre os movimentos sociais paulistanos.

O líder do MTST tem se destacado como uma das vozes mais potentes da esquerda na oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

*Com informações da Folha de São Paulo