Washington Post: Morte de negro após espancamento de seguranças indigna Brasil

O jornal americano The Washington Post registrou nesta sexta-feira (20), Dia da Consciência Negra, a revolta e a indignação do Brasil com o assassinato de um homem negro após ser espancado violentamente por dois seguranças brancos da rede de supermercados Carrefour. O crime ocorreu na noite desta quinta (19) em Porto Alegre, capital gaúcha.

O WP afirma que a morte de João Alberto Silveira Freitas, 40, cujo vídeo da agressão viralizou nas redes sociais, causou indignação generalizada em um país que luta cada vez mais contra o racismo estrutural e o tratamento violento de negros brasileiros pelas forças de segurança.

O vídeo mostra a equipe de emergência falhando em ressuscitá-lo, observa a reportagem.

Os dois guardas, um dos quais era policial em folga, foram presos e estão sendo investigados por homicídio.

“Em um país que reconhece cada vez mais o racismo e a marca duradoura de sua história de colonialismo e escravidão, o espancamento terrível de um homem negro desarmado por dois seguranças brancos foi recebido com raiva e horror”, anotou o WP.

“Imediatamente dominou os noticiários e as páginas dos maiores jornais do país. Ativistas planejaram protestos. Políticos de esquerda e direita expressaram condenação. Muitos disseram que é preocupante que a morte tenha ocorrido na véspera do Dia da Consciência Negra no Brasil. Outros o compararam com a morte de George Floyd nos Estados Unidos”, diz o jornal americano.

Economia

Além do Washington Post, publicações de outros países também se retrataram o crime ocorrido no Rio Grande do Sul, bem como agências de notícias de todo o mundo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tuitou que o racismo está na raiz dos maiores problemas do país. “É urgente interromper esse ciclo”, disse ele.

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro também se manifestou dizendo ser solidário com os amigos e familiares de Freitas. “A violência racial não pode ser tolerada”, disse ele. “Que aqueles que matam sejam punidos com rigor.”

Já o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou que “no Brasil não existe racismo”, embora haja evidência de que “Beto” foi morto porque era negro.

A morte de Freitas reacende o debate nacional sobre a violência policial, que nos últimos anos se tornou uma das questões mais urgentes do Brasil. O tema ganha relevância ainda maior porque várias capitais brasileiras, inclusive Porto Alegre, estão em meio do segundo turno da eleição municipal.

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