Gleisi reage ao Estadão e defende salário mínimo dos trabalhadores

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu com dureza ao editorial do Estadão publicado no Natal que defende o fim da política de reajuste real do salário mínimo e ataca a vinculação do mínimo às aposentadorias e ao BPC. Para a responsável pela articulação política do Palácio do Planalto, o texto agride conquistas históricas dos trabalhadores, ignora o papel social dessas políticas e trata com leviandade os principais problemas fiscais do país.

A crítica foi direcionada ao editorial “A aposta leviana no salário mínimo”, no qual o jornalão sustenta que a política retomada pelo governo Lula seria populista e fiscalmente insustentável. Gleisi rebateu afirmando que o Estadão desconsidera a realidade social brasileira e o impacto positivo do mínimo na economia.

Segundo Gleisi Hoffmann, além de promover justiça social em um país profundamente desigual, o reajuste real do salário mínimo aquece a economia, impulsiona o consumo e é fundamental para a retomada do crescimento. Ela destacou que a política tem efeitos diretos sobre milhões de brasileiros que dependem do piso previdenciário e do Benefício de Prestação Continuada.

A ministra também criticou o silêncio do editorial sobre o que considera o maior problema fiscal do Brasil: os juros da dívida pública. Para Gleisi, ao atacar o salário mínimo e poupar a taxa Selic em patamares elevados, o jornalão faz uma escolha política clara em favor do rentismo e contra a economia popular.

Vale lembrar que essa crítica ao editorial do Estadão não é um movimento isolado. Recentemente, Gleisi Hoffmann também apontou diretamente os oligarcas da Faria Lima como responsáveis centrais pela deterioração das contas públicas, ao sustentar juros reais estratosféricos.

Segundo a ministra, a maior pressão sobre a dívida pública não vem da despesa social, mas da taxa básica de juros em torno de 15% ao ano. Ela observou que parte da mídia insiste em destacar um crescimento de cerca de 5% acima da inflação nos gastos do governo, enquanto ignora que os juros estão aproximadamente 10% acima da inflação.

Para Gleisi, essa escolha editorial distorce o debate econômico. Os juros elevados encarecem o crédito, travam o crescimento e sugam recursos do Orçamento, comprometendo serviços públicos, programas sociais e investimentos estratégicos para o desenvolvimento do país.

Na leitura da ministra, atacar o salário mínimo e silenciar sobre a Selic revela uma opção política clara. Preserva-se o rentismo financeiro e transfere-se o custo do ajuste para trabalhadores, aposentados e os mais pobres, aprofundando desigualdades históricas em vez de enfrentá-las.

No governo do Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a política de valorização do salário mínimo foi retomada após ser interrompida na gestão anterior. A regra combina inflação com crescimento do PIB, dentro dos limites do arcabouço fiscal, e tem sido defendida pelo Planalto como eixo central de proteção social e estímulo ao mercado interno.

O editorial do O Estado de S. Paulo sustenta que economistas de diferentes correntes defendem a desvinculação do mínimo dos benefícios sociais e sugere mudanças estruturais já no próximo governo. Gleisi, porém, vê nessa pressão uma tentativa recorrente de transferir o ajuste fiscal para os mais pobres, preservando privilégios financeiros.

Na avaliação da ministra, atacar o salário mínimo é atacar aposentados, pessoas com deficiência e trabalhadores de baixa renda. Para ela, não há seriedade em um debate que ignora o peso dos juros altos e mira justamente políticas que garantem renda, dignidade e algum dinamismo econômico.

O embate explicita a disputa de projetos que já atravessa o debate pré-2026: de um lado, a defesa da valorização do trabalho e da proteção social; de outro, a agenda de austeridade que volta e meia ressurge nos editoriais da velha mídia.

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