Entenda o jogo das eleições no Paraná às vésperas de 2026

As eleições no Paraná entram na reta prévia de 2026 marcadas por rachas internos, indefinição no campo governista e uma oposição que aposta no desgaste dos adversários para crescer. O cenário é aberto, instável e politicamente volátil.

O primeiro colocado nas pesquisas ao Palácio Iguaçu é o senador Sergio Moro (União Brasil), mas sua liderança vem acompanhada de um impasse estrutural. A federação União Progressista vive um racha público. O Progressistas veta o ex-juiz, enquanto Moro afirma que permanecerá no partido. Nos bastidores, o clima é de ruptura irreversível.

A aposta corrente entre dirigentes partidários é que Moro busque uma legenda menor para manter a candidatura ao governo do estado. Essa leitura foi feita ao Blog do Esmael pelo deputado Ricardo Barros (PP), que avalia ter saído fortalecido do embate interno com o senador e descarta qualquer recuo do Progressistas.

Do lado do Palácio Iguaçu, o governador Ratinho Júnior (PSD) ainda não definiu seu sucessor. A ausência de um nome oficial enfraquece, por ora, o desempenho do campo governista nas pesquisas. A máquina estadual tem potencial real de competição, mas aparece subdimensionada nas sondagens diante da indefinição política.

Três líderes do PSD disputam a bênção do governador para o projeto de continuidade. O presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi, o secretário das Cidades, Guto Silva, e o secretário do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca.

Guto Silva é visto como o preferido de Ratinho Júnior, mas essa escolha não é consensual. Greca e Curi firmaram um entendimento informal de que lançarão candidaturas independentes caso sejam preteridos, o que pode fragmentar o grupo governista já no primeiro turno.

Na semana passada, Alexandre Curi voltou a afirmar que seu ciclo como deputado estadual está se encerrando e que será candidato ao governo do Paraná. Rafael Greca, em entrevista ao Blog do Esmael, também reafirmou sua disposição de disputar o Palácio Iguaçu e suceder Ratinho Júnior.

Guto Silva, por sua vez, adota discurso de construção gradual. Ao Blog do Esmael, afirmou que está trabalhando forte, ampliando sua exposição e articulação política, mas reconheceu que o caminho até a consolidação do seu nome ainda é longo.

Ratinho Júnior pisa em ovos. O governador precisa aplacar os ânimos dentro de casa enquanto flerta com a possibilidade de concorrer à Presidência da República. Ele enxerga um cavalo encilhado passando à sua frente com o recuo do colega Tarcísio de Freitas (Republicanos), movimento acelerado depois que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se lançou como presidenciável da direita, com o apoio explícito do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nesse ambiente de disputas internas e rachas sucessivos na trincheira governista, cresce a expectativa de que Requião Filho (PDT-PR), conhecido como “Jhony Bravo das Araucárias”, consiga avançar explorando o desgaste dos adversários. Filho do ex-governador Roberto Requião (PDT), ele deve contar com o apoio formal da federação Brasil da Esperança, formada por PT, PCdoB e PV.

Além disso, aliados trabalham para ampliar o arco de alianças, buscando aproximação com a federação PSOL-Rede e com o PSB. Se bem-sucedida, essa estratégia pode transformar Requião Filho em um polo competitivo no campo progressista, especialmente se o governismo estadual seguir dividido.

Outro movimento que merece atenção é a pré-candidatura do ex-deputado Ricardo Gomyde, que pode representar a Democracia Cristã na disputa estadual. Ele tende a ser o palanque no Paraná do ex-ministro Aldo Rebelo, pré-candidato ao Palácio do Planalto.

Ambos têm origem política no PCdoB, o que adiciona um componente simbólico e histórico a uma candidatura que, embora minoritária, pode influenciar alianças, tempo de propaganda e o debate ideológico no primeiro turno.

O Paraná caminha para 2026 sem favoritos consolidados. Moro lidera, mas enfrenta isolamento partidário. Ratinho Júnior controla a máquina, mas não controla a unidade do seu grupo. A oposição observa, articula e aposta no erro alheio. O eleitor fará sua escolha em um tabuleiro instável, onde cada movimento pode redefinir o jogo.

Continue acompanhando os bastidores da política e do poder pelo Blog do Esmael.

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