O jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, previu nesta terça (25) a demissão e punição do ministro da Justiça Sérgio Moro.
Greenwald foi ouvido hoje na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Ele discorreu por quase 4 horas sobre os diálogos trocados entre o ex-juiz Moro e o procurador Deltan Dallgnol, cujas mensagens vazadas compõem a série de reportantes do Intercept.
“Ele vai ser severamente punido, perdeu claramente a posição e, provavelmente, não pode praticar a lei”, previu.
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O Intercept iniciou no dia 9 de junho reportagens que revelam conluio entre o ex-juiz e membros da operação Lava Jato com a finalidade de agravar a situação do ex-presidente Lula no caso do tríplex.
De acordo com trechos divulgados pelo site, Moro teria incluído testemunhas no processo contra o petista e ordenado a troca de uma procuradora nas oitivas com Lula.
Greenwald reafirmou a veracidade das mensagens e contestou que a versão de Moro e Dallagnol que as conversas foram obtidas por meio de ação de hackers.
“É impossível combater a corrupção mantendo um comportamento corrupto”, disse o fundador do Intercept, ao prever a queda de Moro do Ministério da Justiça.
Moro nunca foi juiz imparcial
O ministro Sérgio Moro foi acusado pela série de reportagens do site Intercept de liderar um corrupto esquema na Lava Jato que visava punir adversários políticos e ideológicos. Segundo conversas secretas divulgadas pelo jornalista Glenn Greenwald, o então magistrado paranaense combinava com o procurador Deltan Dellagnol, coordenador da força-tarefa, estratégias para agravar [ou aliviar] a situação de acusados.
Além de auxiliar a acusação (Ministério Público Federal), o ex-juiz também coordenava as ações de mídia da Lava Jato contra a defesa de réus –a exemplo do que ocorreu no dia do depoimento do ex-presidente Lula, 10 de maio de 2017. Moro pediu para que o MPF contestasse o ‘showzinho da defesa’ por meio de nota à imprensa.
O pedido de ajuda de Moro ao procurador Deltan, no caso desses “alguns tontos” do MBL, é mais uma evidência sobre o grau de promiscuidade e irmandade entre magistrado e MPF.
O sistema penal acusatório previsto na Constituição Federal proíbe veementemente que o julgador atue para enfraquecer a defesa reforçando a acusação. A falta de imparcialidade do julgador causa nulidade absoluta da sentença.
Acerca das reportagens do Intercept
O combate à corrupção era feito com métodos corruptos, fora da lei, segundo revelou o site The Intercept ao Brasil e ao mundo.
1- juiz e acusação afastaram e escalaram procuradores para o caso Lula;
2- eles combinaram estratégia comum [julgador e MPF] para agravar a situação de acusado;
3- eles vazaram seletivamente para a velha mídia com a finalidade de prejudicar uma das partes;
4- eles protegeram político do PSDB que não queriam melindrar e, portanto, proteger de seus rigores midiáticos; e
5- aliás, eles faziam o plano de mídia conjuntamente contra adversários políticos e adversários.
Assista a íntegra do depoimento de Glenn Greenwald:
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.