Políticos do Paraná trocam “chineladas” nas redes sociais

Romanelli fala de pés, não mostra nenhum e Zeca Dirceu ironiza Havaianas; Guilherme Kilter e Santin Roveda também dão suas chineladas

A guerra cultural em torno das Havaianas ganhou mais um capítulo no Paraná. O deputado estadual Luiz Claudio Romanelli (PSD) entrou no debate provocado pela direita, mas sem mostrar pé algum, enquanto o deputado federal Zeca Dirceu (PT) exibiu o pé direito, mesmo afirmando que começará o ano “de branco e com o pé esquerdo”.

No vídeo divulgado nas redes sociais, Romanelli tenta relativizar a polêmica criada após o comercial estrelado por Fernanda Torres. Logo na abertura, ele ecoa a frase que virou alvo do bolsonarismo. “Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito no Brasil”, diz, adotando tom crítico à leitura ideológica feita pela direita.

Ao longo da gravação, o deputado afirma que “tudo virou lacração” e que até uma propaganda de sandálias foi transformada em debate político. Para ele, entrar com o pé direito é superstição, não posição ideológica. Romanelli sustenta que cada um deve fazer o que quiser e que a mensagem central do comercial é começar o Ano-Novo com os dois pés para alcançar objetivos coletivos.

Este é o pé direito de Zeca Dirceu, do PT.

O detalhe é que, embora fale longamente sobre pé direito e pé esquerdo, Romanelli não mostra nenhum deles. O vídeo aposta exclusivamente no discurso, sem aderir à performance visual que dominou as redes nesta polêmica, o que acabou rendendo comentários irônicos e reforçando o caráter simbólico do episódio.

Zeca Dirceu seguiu caminho oposto. Em postagem bem-humorada, exibiu o pé direito calçando Havaianas, mas fez questão de registrar que começará o ano “de branco e com o pé esquerdo”. A ironia foi direta, calculada e dialogou com o absurdo do debate, devolvendo a provocação no mesmo campo simbólico explorado pela direita.

O vereador curitibano Guilherme Kilter (Novo), pupilo do ex-procurador Deltan Dallagnol, também ironizou a situação: “Nova linha de chinelos da havaianas? Deveria vir sem o pé direito!”, publicou nas suas redes sociais.

Santin Roveda, diretor-geral do Detran-PR, aproveitou o bate-boca virtual para vender seu peixe. Ele lembrou que não é permitido dirigir de sandália sem alça, rasteirinha frouxa, tamanco, salto alto ou qualquer calçado que não fique firme no pé.

“Esses modelos podem escorregar, enroscar nos pedais e atrasar sua reação em uma situação de risco”, explicou ele, sem entrar no embate ideológico.

A cena ilustra como a prévia eleitoral de 2026 já contamina até os temas mais banais. Sandálias, superstições e gestos corporais passaram a ocupar espaço que deveria ser dedicado a discussões sobre economia, emprego e democracia. A política, mais uma vez, escorre para o terreno da performance.

Enquanto Romanelli tentou esfriar os ânimos com discurso racional, Zeca Dirceu preferiu o humor para expor o exagero da guerra cultural. No fim, a polêmica das Havaianas segue revelando menos sobre pés e chinelos e mais sobre um ambiente político em que qualquer símbolo vira munição.

Continue acompanhando os bastidores da política e do poder pelo Blog do Esmael.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *