Zeca Dirceu: Má condução do governo federal disparou preço dos combustíveis

O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) defendeu que a má condução do governo federal sobre a Petrobras foi responsável pela elevação do preço dos combustíveis. Ele ainda criticou as recentes falas do presidente cessante Jair Bolsonaro (PL), que tenta culpar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrado pelos estados, como responsável pela elevação dos valores.

– Não é o imposto dos combustíveis que fez o preço disparar, foi a má condução do governo federal e da própria Petrobras. Querer jogar a culpa nos municípios e nos estados é uma fake news institucional – destacou.

A posição do deputado vem após a Petrobras anunciar o reajuste de preço dos combustíveis, na sexta-feira (17/06).

Em vigor desde o sábado (18/06), o incremento no valor da gasolina foi de 5,18% e do óleo diesel 14,26%. Para o consumidor final, o impacto, na bomba, chega a R$ 0,15 na gasolina e de R$ 0,63 no óleo diesel.

Diante das críticas sobre a nova alta nos valores – o último reajuste da gasolina foi em março e do óleo diesel em maio –, na segunda-feira (20/06), o presidente da Petrobras José Mauro Coelho, que estava no cargo há 68 dias, pediu demissão. Foi a terceira troca de presidência da estatal só no governo de Jair Bolsonaro.

Para Zeca Dirceu, as sucessivas mudanças são cortina de fumaça e essas constantes trocas devem prejudicar a estatal.

Economia

– Qualquer instituição, qualquer organização que tiver trocas sucessivas no seu comando terá sérios problemas. Ainda mais uma empresa do tamanho da Petrobras. Isso desorganiza, gera imprevisibilidade de ação, incerteza de futuro. Agora, os motivos nós sabemos quais são. As trocas, nada mais são que cortinas de fumaça. Tentativas de enganar as pessoas e distraí-las para os reais problemas do país e para a própria falta de comando do governo federal, que é dono da Petrobras e sócio majoritário. Quem escolhe o presidente, o conselho da Petrobras, é o presidente da república. Toda a responsabilidade pelo caos instaurado, pelo alto preço dos combustíveis e pela inflação que disparou é do presidente da república – enfatizou.

Caminhoneiros abandonados

No domingo (19/06), o deputado já havia se posicionado sobre o tema em uma live com representantes do PT Nacional, caminhoneiros e trabalhadores do setor, compartilhada na sua página oficial do facebook.

Nela, Zeca Dirceu teceu duras críticas aos governos de Michel Temer e Bolsonaro, que, além do aumento dos combustíveis, que incluiu a Petrobras no Preço de Paridade Internacional (PPI), abandonaram a categoria dos caminhoneiros, não dando condições de trabalho.

A exemplo disso, Zeca citou a falta de infraestrutura em rodovias do Paraná, com obras paradas, e com alto custo nas praças de pedágio – que este ano estão suspensas, mas que devem receber nova concessionária a partir do próximo ano.

– O Paraná é um dos piores exemplos: tivemos 25 anos de uma conceção feita na década de 90. Foi muito lucro para as concessionárias e as estradas não foram duplicadas. Na grande maioria, as obras não aconteceram. Estradas, cada vez mais sobrecarregadas, com dificuldade e a um custo exorbitante. Chegamos a ter praças de pedágio cobrando mais de R$ 20, quase R$ 30 – criticou Zeca.

Uma dessas estradas citadas pelo deputado é a BR 163, visitada na semana passada pelo parlamentar. A estrada, lembrou, teve as obras iniciadas quando o Partido dos Trabalhadores estava na presidência da república. Com recursos assegurados, na época, foram concluídos apenas os trechos para os quais havia verba, mas não houve esforços dos governos seguintes para continuação das obras.

O impacto maior, assegurou o deputado, recaiu sobre os caminhoneiros, que não encontram estradas trafegáveis, além de, agora, ter que enfrentar a alta no preço dos combustíveis.

– A gente tem que dar uma condição de renda e de frete mais adequado para os caminhoneiros autônomos. É uma agenda muito longa e extensa, mas é uma categoria que merece sim uma atenção especial. Os caminhoneiros merecem sim um tratamento diferenciado, sem eles o Brasil não funciona – frisou.

Nortearam a fala do deputado um documento organizado junto aos caminhoneiros, no qual são elencadas as demandas da categoria e as ações a serem retomadas a partir de 2023.