A velha mídia, aos poucos, vai pedindo água para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No bom e velho português, os barões da comunicação estão pedindo arrego para o Palácio do Planalto.
O movimento de ‘afrouxamento de tanga’ começou com o Globo, que, em editorial, propôs uma frente democrática com Bolsonaro.
Depois foi a vez da ‘frente ampla’ de centro-direita organizada pelo ex-presidente FHC, que, em suas lives, recusa-se a derrubar as atrocidades de Bolsonaro.
Os barões da velha mídia “perderam” todos os embates que empreenderam contra o presidente, haja vista a aprovação do dito cujo nas pesquisas.
“Diante de dezenas de pedidos de impeachment, investigações que ameaçam desestabilizar seu mandato e rejeição ao desempenho que apresenta à frente do país, Bolsonaro finalmente decidiu mudar de estratégia”, despistou a Veja, ao levantar a bandeira branca.
Em um mais um lance de desonestidade intelectual, a publicação da Abril atribuiu ao trôpego presidente da República a iniciativa de pedir água.
O leitor do Blog do Esmael, há dias, vem acompanhando esse afrouxamento dos jornalões.
“Num movimento acertado, escalou ministros para tentar desanuviar a relação com o Judiciário, cortejou líderes do Congresso, afastou-se de seu núcleo de apoio mais radical e até conteve sua pregação autoritária, inclusive nas redes sociais. O próprio presidente conversou pessoalmente com um integrante do STF — e dele ouviu que manifestações consideradas antidemocráticas poderiam provocar protestos contra o governo, o que de fato aconteceu em algumas cidades”, elogiou a revista Veja em matéria de capa.
A velha mídia luta por blindar a política econômica neoliberal de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. A ideia é extrair leite de pedra, isto é, arrancar o sangue do povo em plena pandemia de coronavírus.
Quando oposição e alguns veículos de imprensa, num lapso de patriotismo, se levantarem contra as atrocidades de Guedes e Bolsonaro na economia, com certeza, a maioria dos integrantes desse governo irá para a penitenciária.
Portanto, a bandeira branca levantada pela Veja, simbolicamente, significa que o erário continua em risco.
O pedido de paz, na capa, esta semana, coincidiu com a privatização da água pelo governo e Congresso Nacional.
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Deltan Dallagnol vê água batendo na bunda da Lava Jato
Publicado em 3 julho, 2020
No dia em que o PT deixou vazar que pretende pedir sua prisão, o moço que se compara ao Tom Cruise, do filme Missão Impossível, concedeu uma longa entrevista para CNN Brasil.
Deltan acha que o presidente da República, Jair Bolsonaro, os presidentes da Câmara (Rodrigo Maia) e do Senado (Davi Acolumbre) e políticos da oposição querem embargar a candidatura do ex-juiz Sérgio Moro em 2022.
Segundo Deltan, o trabalho realizado hoje é o mesmo dos últimos anos, mas que “passou a interessar ao governo e aos seus aliados” enfraquecer a operação de olho nas eleições gerais de 2022, depois que o ex-juiz Sergio Moro deixou o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Eu não vejo uma mudança do nosso trabalho nos últimos seis anos. Com o desembarque do ex-ministro Sergio Moro da parte da Justiça, passou a interessar ao governo e aos seus aliados a desconstrução do ex-ministro Sergio Moro e da Lava Jato, de que ele é símbolo, pelo receio de que ele venha eventualmente a concorrer em 2022”, afirmou o procurador.
“Eu quero acreditar que o Ministério Público é um órgão independente e continuará a se comportar de modo independente e que eventuais mudanças na conjuntura política não deverão influenciar o apoio institucional às forças-tarefas contra a corrupção”, disse, questionado sobre a postura de Lindôra a respeito da operação.
Sobre a visita da subprocuradora-geral, Deltan deu a versão da Lava Jato. Segundo ele, Lindôra Araújo pediu acesso a toda a base de dados da operação, o que incluiria informações fiscais e bancárias de investigados. Para o coordenador da força-tarefa, o compartilhamento deve tratar de casos específicos, lastreados em investigações judiciais.
Em nota, a PGR disse que a visita feita pela subprocuradora foi agendada e faz parte do intercâmbio de informações entre a entidade e as forças-tarefas nos estados. O órgão negou que houve inspeção, e sim uma “visita de trabalho que visava a obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações e o acervo da força-tarefa, para solucionar eventuais passivos”.
Ainda sobre o conflito com Aras, Deltan foi questionado a respeito de uma eventual delação premiada de Rodrigo Tacla Durán, ex-advogado da empreiteira Odebrecht. O procurador confirmou a divergência a esse respeito, antecipada pelo âncora da CNN Caio Junqueira, e disse que a Lava Jato recomendou a Aras não prosseguir com as negociações com Tacla Durán porque ele teria mentido diversas vezes para os investigadores da operação.
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Bolsonaro
“Não aprovou o pacote anticrime, não apoia a segunda instância, não barrou medidas que dificultam o combate à corrupção, seja porque ataca a democracia e as instituições essenciais da nossa sociedade, que são essenciais pro nosso pacto comunitário, mas também pro combate à corrupção”, disse o procurador.
Ainda em relação às acusações de politização da operação, Deltan afirmou estar tranquilo com o julgamento de uma representação movida contra ele pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que trata da denúncia contra o petista apresentada em um PowerPoint à imprensa. “O CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público] é um órgão independente e eu acredito que eles vão saber se basear em provas e fatos.”
Uma das acusações levantadas recentemente é que a operação teria ocultado sobrenomes para que pudessem seguir investigando os dois. Deltan Dallagnol negou à CNN que haja qualquer investigação contra ambos no âmbito da Lava Jato e afirmou que eles foram citados em uma acusação que não tratava deles, como destinatários de possíveis recursos, mas sim de pessoas sem foro privilegiado.
Força-tarefa
Deltan Dallagnol afirmou temer pela proximidade do vencimento da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, que precisará de uma decisão sobre renovação em setembro.
“Depois daquele episódio [visita de Lindôra Araújo], foi isso que nós vimos, uma nota agressiva do procurador-geral e o asfixiamento da força-tarefa da Operação Greenfield”, disse, alegando que os procuradores desta outra operação de combate à corrupção passarão a ter que se dividir entre esse e outros casos.
Dallagnol disse não ser contra o fim do modelo de forças-tarefas, nas quais o procurador responsável por um caso recebe uma equipe para ajudá-lo, mas defende que seja apresentada uma alternativa. “Se for para acabar com o modelo de força-tarefa, é preciso que tenha outro modelo aprovado. O que não pode é acabar com o modelo e não ter nada no lugar, porque aí o trabalho para”, disse.
“Se órgão não tiver independência, é pegar todas as investigações contra a corrupção do Brasil sob a guarida de uma única pessoa”, disse, mencionando que a escolha de Aras por Bolsonaro não foi feita através da lista tríplice, votação informal conduzida junto aos procuradores.
Com informações da CNN
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.