Uma farsa criminosa contra o PT e a democracia

Milton Alves vê armação de setores do judiciário, lavajatistas, para assegurar a reeleição de Bolsonaro em 2022; “Capitão Corona” só seria reeleito sem a participação do PT –e a especulação financeira só continuaria com essa turma do coronavírus.
O ativista social Milton Alves, em artigo especial, denuncia a armação de setores do judiciário para cassar o registro do PT.

Segundo o articulista, a ação do MP Eleitoral ocorre em plena pandemia de coronavírus e com o país mergulhado no caos político por um governo incapaz de apontar uma saída para a crise sanitária e econômica em curso.

Milton afirma que o parecer do procurador é uma “farsa criminosa” e que foi inspirada e patrocinada pela operação Lava Jato.

O pretexto alegado é que o PT recebeu recursos financeiros do exterior, escreve Milton Alves, “é uma farsa”. “Uma tentativa canhestra para tentar calar a voz da oposição democrática e popular.”

“O PT, que nasceu no bojo da luta contra a ditadura e pelas liberdades democráticas, não vai se calar diante dessa nova e odiosa tentativa de proscrição política”, exorta o colunista.

Leia a íntegra do artigo de Milton Alves:

Economia

Uma farsa criminosa contra o PT e a democracia

Por Milton Alves*

Mais uma vez o Partido dos Trabalhadores (PT) é alvo de uma armação política do lavajatismo fascista que se incrustou no aparelho judicial e nos órgãos de controle do país. É mais uma tentativa de criminalizar o único partido com reais condições de alavancar a resistência popular contra o governo neoliberal e autoritário de Jair Bolsonaro.

A decisão do vice procurador-geral eleitoral Renato Brill de Goés encaminhando o pedido de cancelamento do registro do Partido dos Trabalhadores junto à Justiça Eleitoral é uma farsa criminosa.

Trata-se de uma ação política contra o PT, inspirada e patrocinada pela operação Lava Jato. Uma decisão arbitrária e sem base real nos fatos. O pretexto alegado é que o PT recebeu recursos financeiros do exterior. Uma farsa! Uma tentativa canhestra para tentar calar a voz da oposição democrática e popular.

A ação do Ministério Público Eleitoral ocorre em plena pandemia de coronavírus e com o país mergulhado no caos político por um governo incapaz de apontar uma saída para a crise sanitária e econômica em curso.

A operação tramada pelo MP Eleitoral nos remete para os períodos de obscurantismo e de asfixia da democracia no Brasil. No ano de 1947, após uma farsa judicial, o PCB teve o seu registro cancelado, os mandatos de seus parlamentares cassados e as sedes e publicações do partido fechadas, excluindo os comunistas da atividade política legal e aberta por quase 40 anos. Em 1965, durante a ditadura militar, o Ato Institucional nº 2 decretou o fim dos partidos políticos oriundos do processo de democratização do pós-guerra e da Assembleia Nacional Constituinte de 1946.

Portanto, a ação tramada contra o PT, provocada por um obscuro parlamentar da extrema-direita, é um atentado à democracia e exige o mais firme repúdio de todas as forças políticas democráticas do Brasil. É mais um indício sério da deterioração crescente das instituições e do estado de direito no país. Como denunciou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, a ação do “Ministério Público pode querer calar a voz da oposição, atendendo aos desejos do governo, só isso justifica a admissão de um pedido esdrúxulo e ilegal como este”.

O PT, que nasceu no bojo da luta contra a ditadura e pelas liberdades democráticas, não vai se calar diante dessa nova e odiosa tentativa de proscrição política.

Neste sentido, é fundamental uma resposta organizada da direção partidária, da militância, e dos mandatos em defesa do PT e da democracia. Ninguém vai apagar a nossa estrela, que fique claro.

*Milton Alves é militante do PT e ativista social. Autor do livro ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT (Kotter Editorial).