Tragédia em Petrópolis 120 mortos era evento anunciado há mais de 20 anos

  • Não se pode falar que a mortal tragédia em Petrópolis foi “fortuito” porque há um método de abandono
  • Até na tragédia climática prevalece o racismo, que é uma praga estrutural do País
  • É preciso retomar programas como ‘Minha Casa, Minha Vida’ de habitação popular

Seria possível evitar a tragédia que ceifou ao menos 120 vidas no temporal de Petrópolis, no Rio? A resposta é sim.

De acordo com o Instituto Histórico de Petrópolis, três principais rios banham a cidade na Região Metropolitana do Rio de Janeiro no estado do estado do Rio de Janeiro. A saber:

  • Rio Palatino;
  • Rio Quitandinha; e
  • Rio Piabanha.

Em março de 2013, o Instituto de Geociências da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) publicou artigo de Luiz Henrique Alves da Silva, Eduardo Vieira de Mello e Debora Rodrigues Barbosa alertando para os desastres naturais como enchentes e deslizamentos de encostas nas décadas anteriores. [A íntegra do documento pode ser lido aqui.]

[Atualização 18/02/2022] Dos 117 corpos que estavam no Instituto Médico-Legal (IML), 77 são de mulheres e 40 de homens. Desses, 20 são menores. Ao todo, 57 corpos foram identificados.

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Portanto, o poder público não pode alegar que foi “surpreendido” por São Pedro, que mandou mais chuvas que a média nos últimos anos.

Depois da tragédia, a Prefeitura de Petrópolis decretou estado de calamidade pública e informou que equipes dos hospitais foram reforçadas para o atendimento às vítimas.

Economia

Ocorre que municípios que têm cidadãos morando em situação de risco já deveriam decretar permanentemente “estado de calamidade pública” até a solução do problema de habitação e ocupação do solo.

Os municípios Areal, Três Rios e Petrópolis – na bacia do Rio Piabanha – estão fincados na ocupação em fundos de vale.

Há quase dez anos, os três estudiosos acima citados apontaram ações que iam desde regulação da ocupação dessas áreas suscetíveis à enchentes, à preservação de mata ciliar, reflorestamento de encostas, entre outras que pudessem diminuir a ocorrência desses processos. No entanto, seguindo a regra, o poder público foi omisso durante esse período.

Corroboram para tragédias ambientais como essa os empreendimentos na bacia hidrográfica do Piabanha, que possuiu barragens.

Não se pode falar que a mortal tragédia em Petrópolis foi “fortuito” porque há um método de abandono no caso concreto e em outras cidades brasileiras, cujas vítimas são mormente selecionadas: pobres, pretos e periféricos.

Até na tragédia climática prevalece o racismo, que é uma praga estrutural do País.

É preciso a retomada de programas como ‘Minha Casa, Minha Vida’ de habitação popular.

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