A cidade de Manaus (AM) está numa situação esterrecedora por causa da pandemia de Coronavírus. O grande número de óbitos fez a prefeitura lançar mão de contêineres frigoríficos e de valas comuns para organizar os sepultamentos.
Conforme relatado pela prefeitura, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana adotou o sistema de “trincheiras” para vítimas da Covid-19, especificando que “a metodologia, já usada em outros países, preserva a identidade dos corpos e laços familiares, com a distância entre caixões e com a identificação de sepulturas”.
O prefeito Arthur Virgílio (PSDB) disse na semana passada que os procedimentos para a cremação de corpos também estavam sendo acelerados.
Ele expressou seu medo de que a cidade se tornasse uma nova Guayaquil, referindo-se à cidade equatoriana onde os cadáveres se acumularam nas ruas durante dias.
Veja a seguir imagens de uma vala comum em Manaus:
Valas comuns, já começou, Manaus. pic.twitter.com/kLHY61VvMo
— João Carlos (@JooCarl13645605) April 21, 2020
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Manaus não é a cidade brasileira com mais casos do novo coronavírus, mas é uma das que possuem o sistema hospitalar menos equipado, pois possui um único hospital com uma unidade de terapia intensiva, apesar de ser uma metrópole com mais de 2,5 milhões de habitantes.
De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, o estado do Amazonas tem 2270 infectados por Covid-19 e 193 pessoas morreram, embora os números reais sejam maiores devido à alta subnotificação devido à falta de testes.
Segundo Virgílio, muitas pessoas estão morrendo em suas casas, o que mostra a sobrecarga no sistema de saúde local.
“Estamos chegando no ponto muito doloroso, ao qual não precisaríamos ter chegado se tivéssemos praticado a horizontalidade da quarentena, no qual o médico terá que se fazer a pergunta: salvo o jovem ou o velho? “, diz. “Estamos em ponto de barbárie.”
Em reunião com o vice-presidente Hamilton Mourão, Virgílio “soltou os cachorros” condenando as atitudes de Bolsonaro.
“Não podia deixar de condenar o presidente participar de um comício, aglomerando, e ainda por cima tecendo loas a essa coisa absurda que foi o AI-5. Cassou meu pai, cassou Mário Covas, pessoas acima de quaisquer suspeitas, e que serviam o país”, disse.
“É de extremo mau gosto o presidente participar de um comício, insistentemente contrariando a Organização Mundial de Saúde e os esforços que fazem governadores e prefeitos”, disse Virgílio. “Bolsonaro toca diariamente nas minhas feridas.”
Com informações do Sputnik e da Folha de São Paulo.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.