Temer vai para o ‘tudo ou nada’ contra a PGR

Michel Temer foi para o ‘tudo ou nada’ contra a Procuradoria Geral da República, em novo pronunciamento que fez neste sábado (20), ao pedir a suspensão do inquérito contra ele no STF. O ilegítimo disse ainda que Joesley Batista, o dono da JBS, autor da gravação, cometeu o crime perfeito e está solto, passeando em NY.”Ele não passou nenhum dia na cadeia”, reivindicou.

Entretanto, Temer não mencionou a mala com R$ 500 mil de propina carregada pelo deputado licenciado Rocha Loures (PMDB-PR). Considerado homem de confiança do presidente, o parlamentar estuda fazer delação premiada a procuradores da PGR.

Temer negou que tenha comprado o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) visando obstruir a Lava Jato.

Assista ao pronunciamento:

Leia a íntegra do novo pronunciamento de Michel Temer:

Economia

Muito bem. Eu quero cumprimentá-los a todos e dizer que, mais uma vez, eu estou aqui para fazer uma declaração aos senhores e às senhoras jornalistas, e ao povo brasileiro.

E registro que eu li hoje notícia no jornal Folha de S.Paulo de que perícia constatou que houve edição no áudio de minha conversa com o senhor Joesley Batista.

Essa gravação clandestina –é o que diz– foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos, incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação, levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil.

Por isso, no dia de hoje, estamos entrando com petição no colendo Supremo Tribunal Federal para suspender o inquérito proposto até que seja verificada em definitivo a autenticidade da gravação clandestina.

O autor do grampo está livre e solto, passeando pelas ruas de Nova York. O Brasil, que já tinha saído da mais grave crise econômica de sua história, vive agora, sou obrigado a reconhecer, dias de incerteza.

Ele não passou nenhum dia na cadeia, não foi preso, não foi julgado, não foi punido, e pelo jeito não será. Cometeu, digamos assim, o crime perfeito.

Graças a essa gravação fraudulenta e manipulada, especulou contra a moeda nacional. A notícia foi vazada seguramente por gente ligada ao grupo empresarial que, antes de entregar agravação, comprou um bilhão de dólares. Porque sabia que isso provocaria o caos no câmbio.

Por outro lado, sabendo que a divulgação da gravação também reduziria o valor das ações de sua empresa, as vendeu antes da queda da Bolsa de Valores. Não são palavras minhas apenas. Esses fatos já estão endo apurados pela CVM. A JBS comprou milhões e milhões de dólares em menos de 24 horas.

Esse senhor, nos dois últimos governos, teve empréstimos bilionários no BNDES para fazer avançar os seus negócios. Prejudicou o Brasil, enganou os brasileiros e, agora, está no Estados Unidos.

Quero aqui observar a todos vocês aquilo que alguns da imprensa já notaram. As incoerências entre o áudio e o teor de seu depoimento, isso compromete a lisura de todo o processo por ele desencadeado.

O que ele fala em seu depoimento não está no áudio. O que está no áudio demonstra que ele estava insatisfeito com o meu governo. Reclamações contra o ministro da Fazenda, contra o Cade e contra o BNDES. Essa é a prova cabal de que meu governo não estava aberto para ele.

E, no caso central de sua delação premiada, fica patente o fracasso de sua ação. O Cade não decidiu a questão solicitada por ele. O governo não atendeu a seus pedidos. Não se sustenta, portanto, a acusação pífia de corrupção passiva.

E não foi só o Cade, o BNDES mudou em meu governo. A presidente Maria Silvia moralizou o BNDES, colocou ordem na casa, e tem meu respeito e meu respaldo para fazê-lo. Assim como o Pedro Parente o fez na Petrobras.

Estamos acabando com os velhos tempos das facilidades aos oportunistas e isso, meus amigos, incomoda muito. Há quem queira me tirar do governo para voltar aos tempos em que faziam tudo o que queriam com o dinheiro público e não prestavam contas a ninguem.

Quebraram o Brasil e ficaram ricos. O autor do grampo relata suas dificuldades. Simplesmente as ouvi. Nada fiz para que ele obtivesse benesses do governo.

Não há crime, meus amigos, em ouvir reclamações e me livrar do interlocutor, indicando outra pessoa para ouvir as suas lamúrias. E confesso que o ouvi à noite, como ouço muitos empresários, políticos, trabalhadores, intelectuais e pessoas de diversos setores da sociedade brasileira. No Palácio do Planalto, no Jaburu, no Alvorada e em São Paulo.

Trabalho, acho que os senhores sabem, rotineiramente até meia-noite ou mais. Falo até com pessoas da imprensa em horas avançadas. Muitos sabem disso, porque falaram comigo ao telefone ou até pessoalmente. Nada de mais há nisso, mas é bom ouvir com atenção o que dizem as pessoas.

E muito do que foi dito no depoimento do senhores Joesley e do Ricardo provam apenas falta de sintonia, abundante divergência. O primeiro fala em buscar uma forma de interlocução comigo, pois não havia. Já o segundo fala que era meu interlocutor frequente em outro grupo.

Há muitas mentiras espalhadas em seu depoimento. Lembrem da acusação de que eu dera aval para comprar o silêncio de um ex-deputado. Não existe isso na gravação, mesmo tendo sido ela adulterada. E não existe porque nunca comprei o silêncio de ninguém. Não obstruí a justiça e não fiz nada contra a ação do Judiciário.

Falo aqui só de um dos pontos de contradição e incoerência. Ou seja, houve falso testemunho à justiça. Chegam ao desplante de me atribuir falas, frases, ou senhas ou palavras chulas que jamais cometeria. Atentam contra o meu vocabulário e minha inteligência. Tenho crença nas instituições brasileiras e nos seus integrantes.

Devo até registrar… devo até registrar que é interessante quando os senhores examinam o seu depoimento e o áudio, os senhores verificam que a conexão de uma sentença a outra não é a conexão de quem diz: olhe, eu estou comprando o silêncio de um ex-deputado e estou tanto a ele. Não. A conexão é com a frase: eu me dou muito bem com o ex-deputado, mantenho uma boa relação. E eu digo isso: mantenha isso, viu. Eu enfatizo muito o “viu”.

E por isso mesmo eu devo dizer que não acreditei na narrativa do empresário de que teria segurado juízes, etc. Ele é um conhecido falastrão exagerado. Aliás, depois, em depoimento, podem conferir, disse que havia inventado essa história, que não era verdadeira. Ou seja, era fanfarronice que ele utilizava naquele momento.

Eu quero pontuar que houve grande planejamento para realizar esse grampo. Depois houve uma montagem e uma ação deliberada para criar um flagrante que incriminasse alguns enquanto os criminosos fugiam para o exterior em absoluta segurança.

O Brasil, meus senhores, exige que se continue no caminho da recuperação econômica que traçamos para colocar o país nos trilhos. Já recuperamos o PIB, acabamos com a recessão, reduzimos a inflação, derrubamos a taxa de juros, estamos gerando emprego, liberamos mais de 40 milhões de reais para os trabalhadores brasileiros. Estamos completamos as reformas para modernizar o Estado brasileiro.

Meu governo, senhores, tem rumo. Acho que os senhores e as senhoras são testemunhas deste fato e sabem que o que foi dito, volto a dizer, no áudio que de resto está sendo impugnado por eventuais –ouço até mencionar que houve mais de 50 edições nesse áudio– tenta macular não só a reputação moral do presidente da república mas tenta invalidar o nosso país. Mas eu digo com toda segurança: o Brasil não sairá dos trilhos. Eu continuarei à frente do governo.

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