do Blog da! Tereza Cruvinel

Quantos manifestantes havia no ato pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff no sábado, 15/11, em São Paulo? Alguns veículos falaram em 1.500, outros em três mil, os mais excitados em dez mil. Não importa. Certo é que foram muito mais que os 20 gatos pingados que compareceram ao ato pró-impeachment de Lula chamado pelos adversários em 2005, no estouro do mensalão. Está clara a aposta da oposição num terceiro turno da disputa presidencial através do pedido de impeachment de Dilma. Ainda que não tenha condições de levá-lo adiante mas para sangrá-la, minar seu segundo mandato e selar o fim da era dos governos do PT. Recordemos 2005.
Um impeachment exige condições jurídicas e políticas. Em outras palavras, prova e povo. Indícios ou provas de culpa ou omissão do governante, e apoio popular para seu afastamento.
Em agosto de 2005, logo depois do depoimento de Duda Mendonça à CPI dos Correios, confessando ter recebido no exterior pagamentos por serviços prestados à campanha de Lula em 2002, houve uma reunião no gabinete da liderança do PSDB no Senado, comandada pelo senador pefelista Jorge Bornhausen. Nela, o pedido de impeachment voltou a ser discutido e foi descartado diante da constatação de que lhe faltaria apoio popular. Um ato fora tentado em Brasília e reunira apenas 20 pessoas. No Rio, menos de 30. Uma voz discordante, na reunião, foi a do senador àlvaro Dias, que depois, em entrevista a Josias de Sousa, lamentaria o erro histórico da oposição!. Ainda que o impeachment não vingasse, disse ele, Lula teria sofrido um desgaste enorme e não teria se reelegido.
Em 2005, na mesma semana de agosto, em discurso na reunião do Conselhão (o CDES), Lula disse que não se mataria como Getúlio, não renunciaria como Jango nem sofreria impeachment como Collor. Logo depois fez uma reunião com sindicalistas e avisou que teriam de ir para a rua e mobilizar o povo caso tentassem derrubá-lo. Veio o depoimento de Duda mas a oposição recuou, antevendo que ficaria isolada. A aposta passou a ser em deixar Lula sangrar! até o final do primeiro mandato para que não se reelegesse. Mas ele deu a volta por cima, venceu em 2006 e ainda elegeu Dilma em 2010.
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