A segunda greve do ano dos professores e servidores da rede pública estadual de ensino — e também das universidades estaduais — está prestes a completar quatro semanas e a quebra de braço vai ficando cada dia mais pesada para ambas as partes.
De um lado, o governador Beto Richa (PSDB) queima todo o capital político conquistado com uma vitória tranquila na reeleição de outubro passado protagonizando cenas lamentáveis de violência e desrespeito ao funcionalismo; superando seu colega tucano Alvaro Dias na selvageria contra professores e servidores. O 30 de agosto do Álvaro ficou parecendo um piquenique na praça perto do 29 de abril de Richa.
Do outro lado, os servidores, na maioria professores, cansados, humilhados, violentados, segurando na raça um movimento que não existiria se a indignação com os desmandos de Richa não tivessem chegado ao limite do inaceitável. Tiveram suas aposentadorias usurpadas e foram lançados a um futuro incerto, isso sem antes terem barrado com a primeira greve o desmonte da carreira e revertido calotes no terço de férias e outros direitos.
Pois bem, o governador está se vendo obrigado a recuar sob pena de perder de vez sua base de sustentação na Assembleia Legislativa. Esse movimento poderia resultar num melancólico processo de impeachment. Melancólico para Richa, pois esse já é o desejo da maioria dos paranaenses, como vêm mostrando as manifestações organizadas e espontâneas nas ruas, estádios, teatros e até em shoppings centers.
A APP-Sindicato informou ao Blog do Esmael que a adesão à greve na rede pública estadual continua alta, superior a 85%, com algumas regiões com quase 100% de paralisação, como é o caso de Maringá. Não há assembleia marcada, o que reforça a intenção dos professores de continuarem em greve enquanto não houver negociações.
Sobre o corte do ponto anunciado pelo governo, o pagamento de maio ainda virá integral, mesmo por que ele já foi fechado no início do mês. As faltas, se forem lançadas, serão descontadas somente na folha de junho.