O editorial do jornal O Estado de S. Paulo, desta sexta-feira (1º de janeiro de 2021), começou a fazer uma contagem regressiva para o fim do governo Jair Bolsonaro.
“O Brasil conta as horas para o fim do governo de Bolsonaro. A partir de hoje, quando se completa a 1ª metade do mandato, faltarão 17,5 mil – uma eternidade”, diz o jornalão, “arrependido” por ter ajudado o traste na eleição de 2018.
Na disputa presidencial passada, o Estadão torceu para que a Lava Jato caçasse [com cedilha mesmo] o ex-presidente Lula e lhe cassasse os direitos políticos. O então juiz Sergio Moro cumpriu o script ao prender o petista. Como paga, o ex-titular da 13ª Vara Federal de Curitiba foi agraciado com o cargo de ministro da Justiça.
Em nenhum momento o hoje arrependido Estadão, ou Globo, defenderam o Brasil e a democracia. Eles sabiam que Bolsonaro seria eleito. Portanto, a velha mídia é cúmplice do resultado eleitoral de 2018 –e o quadro político atual.
“Ainda faltam 17,5 mil horas” é o título do editorial do Estadão, porém, o texto é pobre ao concordar com as patifarias de Paulo Guedes e criticar a falta de privatizações. Nesse caso, o que Bolsonaro “não fez” é bom para o Brasil e os brasileiros.
Sim, o Estadão esperava que Jair Bolsonaro fosse mais célere na entrega da soberania nacional.
O “arrependimento” do jornalão beira à malandragem porque condena o fundamentalismo da militância bolsominion, alimentado pela velha mídia, enquanto exige o aprofundamento da traição nacional com mais concentração de renda nas mãos dos bancos e o empobrecimento dos trabalhadores.
A experiência econômica da mídia, o neoliberalismo, faliu outra vez no Brasil e na América Latina. Seu laboratório gerou o monstro Bolsonaro, reacendeu o fascismo, causou 93 milhões de pessoas desocupadas, possibilitou a infecção de 7,6 milhões e morte de quase 200 mil por covid-19.
A velha mídia golpista, à qual o Estadão está associado, é responsável pelo atual estado de coisas no País. Portanto, apenas o arrependimento não basta porque pode não ser verdadeiro.
Quem garante que Estadão, em 2022, não se aliará novamente a Bolsonaro para combater uma eventual candidatura progressista no segundo turno? Ninguém. O jornalão tem ódio de classe, ideológico, por isso, pode apostar, marchará junto novamente ao lado desse traste.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.