Por Milton Alves*
O fascismo tem, historicamente, como método a difusão do terror, do medo, para paralisar as massas e intimidar os seus opositores mais consequentes — o povo trabalhador e suas organizações políticas, sociais e culturais.
É a experiência de inúmeras nações e povos.
O bolsonarismo, a variante atual e nacional do neofascismo ultraliberal, conta com imensa energia material e forças aliadas.
Além de possuir fatias do poderoso aparato estatal – ministérios, forças militares, tribunais – conta com o apoio ora aberto ou ora velado da maioria das classes dominantes do país, em particular de seus setores mais decisivos: dos banqueiros da Faria Lima, dos magnatas do agronegócio e do baronato que controla os principais órgãos de mídias.
Como força social de choque, o fascismo bolsonarista mobiliza vastos segmentos da classe média e de segmentos próximos da classe trabalhadora – informais, trabalhadores de pequenos negócios e o lumpesinato miliciano. É, portanto, uma força social considerável, embora minoritária em relação ao conjunto da população brasileira.
A derrota do fascismo bolsonarista será uma derrota política, porém é inevitável um enfrentamento decidido com sua base de sustentação social.
No contexto atual, às vésperas das eleições de outubro, derrotar a escalada fascista exige das forças de esquerda e progressistas uma vigorosa mobilização, de massas, de milhões nas ruas das principais regiões do Brasil.
As chamadas instituições republicanas estão em parte cooptadas pelo bolsonarismo – Congresso Nacional, comando das FFAA, PGR, PF, tribunais regionais- ou parte intimidadas – STF, TSE, Ministério Público. Ou seja, não podemos confiar na higidez dessas instituições. Apostar que elas farão a resistência à escalada fascista pode ser um erro fatal das forças populares.
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Os partidos da burguesia neoliberal, da velha direita, hoje chamada de terceira via, ao fim ao cabo somarão com o bolsonarismo nas urnas e na manutenção da agenda neoliberal.
Tampouco daí se pode esperar algum tipo de resistência efetiva, é perigoso cultivar ilusões com respeito ao espírito democrático de figuras como Tebet, Doria, Rodrigo Pacheco, Temer, Bivar – todos golpistas de 2016 contra o mandato legítimo de Dilma Rousseff.
Neste sentido, é urgente e vital a convocação de uma ampla mobilização no curso da disputa eleitoral contra o candidato da extrema direita. É correta a sinalização da Campanha de Lula de seguir nas ruas, realizando grandes comícios de massas.
Mas isto só não basta.
É preciso aprofundar o conteúdo de mobilização antifascista dos comitês populares desde já.
Multiplicar as ações de rua de todo tipo- pequenas e grandes, fechadas e abertas.
Os últimos acontecimentos, com os ataques aos comícios de Lula e o assassinato por um bolsonarista de Marcelo Arruda, dirigente do PT de Foz de Iguaçu (PR), indicam, com bastante clareza, que a besta fera fascista segue disposta a cometer novos e maiores crimes.
Para garantir a vitória e a posse de Lula, o caminho passa antes pelas ruas, pela mobilização popular. E uma sugestão: no dia 7 de setembro, a convocação de uma grande Vigília Nacional Contra o Fascismo.
*Milton Alves é jornalista e escritor. Autor dos livros ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’ (2019), ‘A Saída é pela Esquerda’ (2020) e de ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ (2021) – todos pela Kotter Editorial. Escreve semanalmente em diversas mídias progressistas e de esquerda
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.