O ex-juiz Sergio Moro apelou para o latim numa tentativa de conexão com os eleitores brasileiros.
Moro escreveu na biografia de seu perfil no Twitter “Professor, sallus populi suprema lex esto” na língua morta –misturando o latim com português.
Se escrevesse tudo em latim, “professor” deveria ser grafado como “magister”.
Em tradução em português, seria mais ou menos isso: “Professor, a segurança das pessoas é a lei suprema”.
Em junho de 2019, no calor da Vaza Jato, série de reportagens do site The Intercept Brasil, o ex-juiz também havia recorrido ao latim para minimizar as mensagens vazadas do Telegram:
“Um pouco de cultura. Do latim, direto de Horácio, parturiunt montes, nascetur ridiculus mus”. A frase quer dizer “A montanha pariu um ridículo rato”.
O latim é um idioma inusual até mesmo no Direito, que privilegia o vernáculo brasileiro.
A língua latina ou latim é uma antiga língua indo-europeia do ramo itálico originalmente falada no Lácio, a região do entorno da cidade de Roma, que sediou o G20.
Foi de uma “costela” do latim que surgiu o português arcaico, a Flor do Lácio, por volta do Século V D.C.
Além do português, derivam do latim o francês, o espanhol e o italiano.
Possivelmente, o uso do latim na sua bio tenha o objetivo de mostrar “erudição” embora o ex-juiz Sergio Moro não se recorde do último livro que leu.
No próximo dia 10 de novembro, em Brasília, Sergio Moro vai assinar ficha de filiação no Podemos com a promessa de disputar a Presidência em 2022.
Após esse ato político, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o senador Flávio Arns (Podemos-PR), pré-candidato ao governo do Paraná, irá dar algumas aulas de português para Moro.
A ideia de correligionários do Podemos é tirar o leve sotaque americano na fala do ex-juiz, que, até prova em contrário, reside nos Estados Unidos, onde atua como sócio da Alvarez & Marsal.
A busca de maior conexão e proximidade com os eleitores brasileiros faz sentido, pois, segundo as pesquisas de intenção de voto, Moro tem um desempenho parecido com o de Ciro Gomes, do PDT.
Os índices da 3ª via são insuficientes para ultrapassar o presidente Jair Bolsonaro ou beliscar a liderança do ex-presidente Lula, ambos prováveis adversários no segundo turno.
No entanto, é bom que fique claro, tanto a candidatura de Moro quanto a Ciro, se se efetivarem, terão o condão de linha auxiliar de Bolsonaro. Sem esses índices, muito provavelmente, o petista venceria no primeiro turno –de acordo com os institutos de pesquisas sérios do País.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.