Rússia vê risco de 3ª guerra mundial com EUA fornecendo sistemas de foguetes à Ucrânia

► Rússia critica decisão dos americanos de fornecer sistemas de foguetes de médio alcance à Ucrânia

A Rússia disse que a decisão dos EUA de fornecer sistemas avançados de foguetes e munições para a Ucrânia foi extremamente negativa e aumentaria o risco de um confronto direto.

A Reuters relata que o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, disse à agência de notícias estatal RIA Novosti que Moscou via a ajuda militar dos EUA à Ucrânia “extremamente negativa”.

Ryabkov destacou os planos dos EUA de fornecer a Kiev seu sistema de foguetes de artilharia de alta mobilidade (Himars) – um sistema de lançadores de foguetes múltiplos que Washington disse que forneceria à Ucrânia como parte de seu mais recente pacote de ajuda militar.

– As tentativas de apresentar a decisão como contendo um elemento de ‘autocontenção’ são inúteis”, disse Ryabkov. “O fato de os Estados Unidos, à frente de um grupo de estados, estarem engajados em um bombeamento proposital de armas no regime de Kiev é uma coisa óbvia.

Os russos veem risco concreto da deflagração de uma 3ª guerra mundial, de característica nuclear, com os Estados Unidos fornecendo sistemas de foguetes à Ucrânia.

Economia

Na semana passada, o governo do líder russo Vladimir Putin emitiu recado de que Moscou poderia facilmente “varrer o Reino Unido da face da Terra” em resposta ao que Moscou considera hostilidades à Rússia.

Crise alimentar no mundo

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, falou em sua teleconferência regular com repórteres, onde culpou “restrições ilegais” impostas à Rússia por países ocidentais por uma potencial crise alimentar “muito profunda”.

A Rússia está bloqueando os portos ucranianos, mas está tentando culpar a falta de embarques de grãos nas sanções ocidentais e na própria Kiev.

Peskov disse a repórteres hoje:

Estamos potencialmente à beira de uma crise alimentar muito profunda ligada à introdução de restrições ilegais contra nós e as ações das autoridades ucranianas que minaram o caminho para o Mar Negro e não estão enviando grãos de lá, apesar de a Rússia não impedir de forma alguma.

Suas declarações vêm depois que os líderes europeus apelaram aos países africanos, que estão enfrentando “um cenário catastrófico” de escassez de alimentos e aumentos de preços, para não cair na campanha de propaganda do Kremlin que pinta a iminente crise global de alimentos como resultado de sanções ocidentais contra a Rússia.

Peskov também alertou que as sanções da UE ao petróleo russo atingiriam o mercado global de energia, mas disse que Moscou poderia redirecionar as exportações para limitar suas próprias perdas.

Ele não descartou uma reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu colega ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, mas disse que as negociações precisam ser preparadas com antecedência.

Peskov disse que o trabalho em um documento de paz com a Ucrânia parou há muito tempo e não foi reiniciado.

100 dias de guerra na Ucrânia

A próxima sexta-feira, dia 3 de junho, marcará o 100º dia da guerra na Ucrânia. Foi assim que a ‘operação militar especial’ do presidente russo Vladmir Putin evoluiu para uma sangrenta guerra de desgaste.

Após meses de acúmulo e inúmeras negações de que qualquer invasão foi planejada, Vladimir Putin anunciou em 24 de fevereiro que havia lançado uma “operação militar especial” para “desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia.

Analistas ocidentais esperavam uma rápida invasão de “choque e pavor”, e parece que houve de fato tentativas da Rússia de atacar diretamente o presidente ucraniano, Volodomyr Zelenskiy, provavelmente para substituir seu governo por um mais flexível à vontade de Moscou.

Mas se Putin esperava uma guerra rápida e fácil com pouca oposição ucraniana ou internacional – como sua invasão da Crimeia em 2014 – ele ficou desapontado.

A guerra resultou em sanções contra a Rússia, pedidos de adesão à Otan da Suécia e Finlândia e aumento dos preços dos combustíveis e alimentos em países a milhares de quilômetros da zona de conflito.

The Guardian