O Rio de Janeiro virou arena eleitoral. A transferência de sete chefes do Comando Vermelho para presídios federais serviu mais que à segurança. Virou gesto político, teste de força e recado de 2026.
O governador Cláudio Castro, PL, pediu as remoções depois da megaoperação que matou 121 pessoas em outubro. O Estado quis mostrar reação, mas o efeito foi outro: reacendeu a disputa por narrativa entre o bolsonarismo e o governo Lula, PT.
O Planalto viu a cena com cautela. O Ministério da Justiça defendeu ação firme, mas dentro da lei. Sem espetáculo, sem morte gratuita. O Rio insistiu na lógica do confronto, como se cada operação precisasse de plateia.
O mesmo roteiro se repete no Congresso. O relator do PL Antifacção, Guilherme Derrite, PP-SP, recuou de pontos que tiravam poder da Polícia Federal depois de pressão do governo e de juristas. Foi um freio na tentativa de esvaziar a PF e transformar o tema em palanque para 2026.
O recuo expôs o limite da retórica da “guerra ao crime”. Mostrou que até aliados de Tarcísio de Freitas, possível adversário de Lula em 2026, entenderam o risco de romper o equilíbrio federativo e entregar munição política ao Planalto.
O pano de fundo é eleitoral. As pesquisas Quaest e Paraná Pesquisas mantêm Lula competitivo. A primeira mostrou leve recuo na aprovação, mas dentro da margem. A segunda colocou o presidente à frente em todos os cenários simulados. A oposição tenta segurar a pauta da segurança como tábua de salvação.
O bolsonarismo aposta no medo. O governo Lula tenta responder com reconstrução e diálogo. Enquanto o país busca paz, a direita ensaia o retorno ao discurso do “bandido bom é bandido morto”.
O Rio é o espelho dessa disputa. Um palco onde helicópteros, fuzis e discursos se misturam. A democracia pede luz, mas a política insiste na fumaça.
O saldo é claro. Segurança pública não pode ser arma eleitoral. A sociedade quer resultado, não espetáculo. E o voto de 2026 será dado a quem entender isso primeiro.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.






