Requião Filho: a desgraça da privatização ameaça a Copel

O deputado Requião Filho (PMDB) denuncia em sua coluna desta terça-feira (9) que o governo Beto Richa (PSDB) está quebrando a Companhia Paranaense de Energia, a Copel, para forçar uma venda lá na frente em um cenário nada otimista. O colunista afirma que a “desgraça” da privatização ameaça todas as empresas públicas do Paraná.

Copel aumenta repasse de lucros aos acionistas e conta fica para o consumidor

Requião Filho*

O sucesso de uma empresa depende de uma boa gestão. Os lucros precisam, em sua maioria, ser reinvestidos e os acionistas receber o necessário para continuar apostando no projeto. Sempre lembrando a matemática básica, de que os gastos não devem ser maiores do que as despesas… Isto qualquer empresário prudente e de marca consolidada sabe de cor… Mas o que vemos na realidade é que nem todos seguem esta linha de pensamento!

Quando se trata de empresa pública, muitas vezes os interesses políticos valem mais do que qualquer estratégia de mercado. E quando isto acontece, em especial em tempos de crise, salve-se quem puder! Este tipo de atitude inesperada e irresponsável pode levar uma empresa pública à ruína em pouco tempo.

O que acontece agora na Copel é extremamente preocupante, tendo em vista os reflexos da economia global e a necessidade eminente de aumento na reserva dos lucros. Na contramão das recomendações dos mais renomados economistas, o Governo do Paraná vem aumentando o repasse aos acionistas, os riscos e o custo da empresa perante os consumidores, que estão pagando tarifas mais altas e devem sentir os reflexos da falta de investimentos tão logo as estruturas das linhas de transmissão comecem a ficar sucateadas, sem dinheiro-reserva para consertá-las.

Economia

Uma comparação inevitável que nos vêm à mente neste momento é com o Governo Requião. Na época, mantínhamos o repasse de lucro aos acionistas em 25%, tarifas baixas e fizemos uma busca incessante pelo reequilíbrio das finanças da Companhia. De 2003 até a entrega do Governo para Beto Richa, no final de 2010, a empresa cresceu, se consolidou, deixando garantias de reinvestimento e lucros nunca antes vistos.

Os lucros foram crescentes subindo de R$ 171 milhões em 2003, para mais de R$ 1 bilhão mantidos nos últimos cinco anos do mandato de Requião. Já o que se viu nos anos subsequentes, de 2011 até hoje, foi um resultado abaixo do esperado e com aumento excessivo das tarifas. Ou seja, os lucros deveriam ter aumentado consideravelmente, mas o que se viu foi diminuição das reservas para reinvestimento futuro e aumentos volutuosos nos repasses aos acionistas. Chegou a 50% nos anos de 2013 e 2014, mesma porcentagem que agora o governo quer regulamentar como base para os próximos anos.

Preocupada com a situação econômica da empresa, num gesto prudente, a Diretoria Executiva da Copel recomendou rever esta alta nos repasses aos acionistas e retomar o aumento da reserva técnica. Com aval do CAD – Conselho de Administração, a proposta foi aprovada.

Porém, não contente com esta decisão, o Estado mudou os membros do Conselho e forçou a aprovação das medidas de aumento dos dividendos para 50%. Ou seja, os próximos anos serão de grande dificuldade e a Copel estará com menos recursos para sua capitalização. Em outras palavras, querem quebrar a empresa para forçar uma venda lá na frente em um cenário nada otimista!

Eles passam por cima da saúde financeira da empresa, esquecem o discurso de posse com a demissão acentuada de técnicos, que seriam o pêndulo desta administração, deixando de lado o crescimento do Paraná.

Tempos difíceis virão e a população precisa acordar! Uma companhia que já foi referência no Brasil está à beira de um novo pesadelo. Tal qual viveu na “era Lerner”, quando se aniquilou a companhia com contratos equivocados e consequências quase irreparáveis para a saúde financeira da empresa.

Não tiveram neste atual governo a sensibilidade e a vontade de manter uma empresa consolidada no topo dos lucros, como a referência que sempre foi. Tudo isso em troca de planos e favores políticos! Uma gestão irresponsável e tendenciosa, que vem definhando o Paraná e levando suas empresas públicas a um caminho sem volta: a privatização.

*Requião Filho é deputado estadual pelo PMDB do Paraná.

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