‘Não saímos sem negociação’, diz estudante que ocupa reitoria da UFPR
por Aline Lamas, do G1 PR
O grupo de estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que ocupa a reitoria da instituição, desde a noite de terça-feira (3), não deixará o prédio enquanto as reivindicações dos alunos não forem atendidas. Os servidores que trabalham no local estão impedidos de entrar e os departamentos que funcionam no edifício tiveram os serviços paralisados.
A decisão de manter a ocupação é uma resposta ao posicionamento da administração da universidade que se recusa a manter as negociações diante da mobilização. A gente mantêm ocupado, até que a reitoria negocie!, afirmou a representante do Comando Local de Greve, que pediu para não ter o nome divulgado.
As reivindicações incluem: aumento da quantidade e valor das bolsas de estudos; acesso gratuito a cursos de línguas para todos os estudantes; aumento do acervo de livros; fim dos espaços privados dentro da universidade; e creche para mães estudantes.
Os universitários não informaram quantos alunos estão dormindo no edifício. Essa informação é confidencial!, justificou a estudante. Durante as últimas horas, eles equiparam a reitoria com colchões, sacos de dormir e cobertores. Cartazes com palavras de ordem foram colados nas janelas, para dar privacidade aos ocupantes.
Segundo o comando local de greve, todos os equipamentos e móveis do prédio serão preservados. Justamente por estarem em protesto em defesa do que é público, os estudantes prezam pelo patrimônio público!, assegurou a aluna. A ocupação foi definida em assembleia, realizada na terça, com a participação de 100 estudantes, segundo a universidade. Já o comando local de greve, afirma que foram 300.
Repúdio
Em nota, divulgada nesta quinta-feira (5), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) condenou a medida, que considera tendenciosa, precipitada e antidemocrática. Há falta de transparência nos atos dos membros da ocupação, como por exemplo o encobrimento das janelas do prédio da administração e cerceamento ao acesso até mesmo para estudantes!, afirma o texto.
Para o DCE, a ocupação não é legítima, pois não representa a vontade dos alunos da instituição. A decisão de ocupar a reitoria foi tomada à s pressas, sem uma consulta efetiva aos estudantes. Um fato que nos deixa descontentes é o impedimento da liberdade de expressão que vem ocorrendo sistematicamente nas assembleias estudantis!, relata a nota.
Ruptura
Já a administração da universidade afirmou que mantém a decisão de só retomar as negociações com os alunos após a liberação do prédio. Eles romperam a negociação. Nós gastamos horas e horas discutindo cada um dos 31 pontos da pauta deles. Mas, quando estávamos no vigésimo quinto, eles simplesmente se retiraram e entraram na reitoria.!, afirmou a pró-reitora de Graduação, Maria Amélia Zainko.
Apesar da indignação, a UFPR não irá tomar nenhuma medida de confronto com os estudantes. Continuamos dispostos a dialogar e repudiamos qualquer ato de força!, garantiu a pró-reitora.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.