Ratinho Junior foi para Disney e deixou estudantes da educação especial sem professor, diz APP-Sindicato

A viagem do governador Ratinho Junior (PSD) para o exterior, em férias, enquanto estoura crise na Polícia Militar e na Educação Especial, causou espécie na APP-Sindicato. Na Assembleia Legislativa do Paraná, os deputados dizem que o mandatário voou para a Disney, em Orlando, nos Estados Unidos.

Segundo a principal entidade sindical do Paraná, a desorganização das escolas estaduais provocada pela implantação do Novo Ensino Médio ganhou um novo capítulo com a falta de professores para auxiliar estudantes com necessidades especiais em sala de aula.

– A Secretaria de Educação impôs um ritmo para as escolas sem conhecer e sem respeitar a necessidade de cada uma delas. Agora tem um problema para resolver e não pode ser aumentando a carga horária dos(as) professores(as), vão ter que contratar mais profissionais para termos atendimento em todas as aulas para os estudantes – afirma Walkiria Mazeto, presidenta da APP.

O Novo Ensino Médio aumentou o tempo de permanência dos estudantes na escola, implantando uma sexta aula. A mudança foi feita sem considerar as características e capacidades dos colégios, o que está sobrecarregando os auxiliares e prejudicando os estudantes que precisam deles.

– Nessa sexta aula muitos estudantes estão ficando sem o acompanhamento de professores auxiliares em sala, seja o caso de intérprete de Libras, seja dos que acompanham estudantes com espectro autista, cadeirantes ou com déficit de aprendizagem – diz Walkiria.

A falta de professores auxiliares teve destaque na mídia comercial nesta semana. A RPC de Ponta Grossa mostrou o problema. A Secretaria de Educação (Seed) afirmou que era apenas um caso isolado, restrito a um colégio de Ponta Grossa. A emissora recebeu várias mensagens de telespectadores relatando o mesmo problema em todo o Paraná.

Economia

Uma das mensagens foi enviada à TV por Raquel Aparecida de Souza Silva, de Centenário do Sul (Núcleo Regional de Educação de Londrina). Ela tem filho autista e lembrou que crianças especiais têm direito a atendimento integral na escola.

– É um descaso o que estão fazendo com nossos filhos e também com o profissional que os atende – afirma Raquel.

Nani Linhares, de Matinhos, relatou em mensagem à emissora que os professores da educação especial estão trabalhando por semana dez horas a mais que o previsto no contrato, de graça, para não abandonar os alunos em sala de aula. Ela disse que enviou carta ao NRE contando a situação e não teve resposta.

Desmonte continuado

Os ataques aos professores da educação especial não começaram agora. No ano passado, o governador Ratinho Jr decidiu que a jornada deles passaria a ser definida por hora-relógio e não mais hora-aula. Com isso, continuaram trabalhando 25 horas semanais, mas passaram a receber só por 21 horas.

– Esses profissionais, mesmo tendo feito concurso para 20 horas, já tinham que ficar 25 horas com o estudante, para cobrir as cinco aulas todos os cinco dias da semana. Em 2021 continuaram trabalhando o mesmo, só que recebendo menos. Agora o Estado aumenta o tempo de aula sem olhar a realidade da escola. O efeito é que o estudante que precisa do acompanhamento em sala está sem professor – afirma Walkiria Mazeto.

A presidenta da APP avalia que a implantação das 30 horas de aulas por semana é inviável. O Sindicato defende a revogação da Lei do Novo Ensino Médio, que prejudica a organização das escolas e o aprendizado dos estudantes, além de abrir caminho para terceirizações.

A APP defende a correta contabilização da hora-aula e da hora-atividade, e avalia que o modelo do Novo Ensino Médio desconsidera a diversidade de nossas escolas e impõe uma padronização que desrespeita a autonomia e impede sua aplicação na rede.

– Os estudantes não estão só com problema da falta de profissional para atender em sala de aula, nós temos também o problema da Unicesumar dando aulas online e os estudantes não conseguem aprender – assevera Walkiria.