O governador Ratinho Junior (PSD) teve pedido atendido pela Justiça para despejar policias civis, militares e penais na noite desta quinta-feira (19/05). No entanto, eles ainda permaneciam acampados em frente ao Palácio Iguaçu até às 9h30 da manhã desta sexta-feira (20/05);
Os profissionais de segurança pública estão há mais de três meses acampados em frente ao Palácio Iguaçu, sede da administração estadual, no Centro Cívico, em Curitiba.
Eles se manifestam contra o mandatário cessante porque ficaram seis anos sem reajuste salarial e o governo ofereceu apenas 3% de correção. Além disso, os policias militares dizem que a defasagem nos soldos ultrapassa 50%; eles também reclamam da jornada de trabalho excessiva e cobram hora extra devida pelo governo do estado.
O argumento de Ratinho Junior, ao pedir o despejo, é que o local público será usado neste sábado (21/05) pela Marcha para Jesus. O evento contará com as presenças do governador do Paraná e do presidente Jair Bolsonaro (PL).
No mandado de reintegração de posse, expedido pela Justiça do Paraná, levou-se em consideração – além da marcha para ‘Jair’ – o fato de os policiais-manifestantes usarem armas de fogo e o histórico de combatividade dos manifestantes.
Despejo é abusivo, dizem policiais militares
A pedido do governador, o descumprimento voluntário deveria ocorrer em quatro horas – com desmonte de barracas – sob pena de multa de R$ 100 mil para cada líder identificado.
Em entrevista ao Blog do Esmael, Subtenente Ribeiro disse que o movimento irá recorrer à Justiça contra o despejo. Ele disse que o acampamento é pacífico e democrático, que tem previsão legal.
O delegado Antônio Simião, presidente do Sidepol (Sindicato dos Delegados de Polícia), lamentou a falta de diálogo por parte de Ratinho Junior.
– Despejo no acampamento na frente do Palácio, é uma forma truculenta de resolver as justas reivindicações dos servidores da segurança – criticou o delegado.
O deputado Requião Filho (PT) ironizou dizendo que “Ratinho Junior procurou a Justiça para tirar os excluídos da Marcha para Jesus“.
– Pediu ordem judicial para tirar da praça o acampamento dos Policiais Militares. Nossa polícia perseguida pelo governador, que tenta esconder a crise em baixo do tapete – disse o parlamentar.
O ex-senador Roberto Requião (PT), pré-candidato ao governo do Paraná, disse que os evangélicos precisam resolver um dilema antes da marcha deste sábado que motivou o despejo.
– Os evangélicos precisam escolher, ou Jesus ou Jair; os dois não dá! – retuitou.
Requião reafirmou que é preciso ‘mudar o governo’ para resolver a segurança pública do Paraná.
Leia a íntegra do processo contra o acampamento e o pedido inicial de despejo dos policiais na Justiça do Paraná.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.