Ratinho empobrece o Paraná, diz Enio Verri

O deputado federal Enio Verri (PT-PR) escreve nesta terça-feira (10) que o governador Ratinho Junior (PSD) faz de tudo para empobrecer o Paraná.

De acordo o parlamentar petista, as medidas do filho do apresentador Ratinho do SBT irão provocar um caos social a médio prazo no estado.

Enio cita a proposta de reforma da Previdência que, segundo ele, vai diminuir ainda mais o poder aquisitivo de quem tem menos para concentrar renda nas mãos de quem já tem demais.

“Os ambientes frequentados pelo governador o privaram de conhecer pedreiros, motoristas de ônibus, caminhoneiros, ou agricultores, de 65 anos de idade”, critica o deputado do PT, pré-candidato ao governo do Paraná em 2022.

Ratinho empobrece o Paraná

Enio Verri*

Economia

Está a público e à luz do dia a face do governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior que obriga os servidores públicos a enfrentar a carantonha de um governo plutocrata e a serviço do mercado financeiro. O Paraná admite um governador cujas medidas vão provocar o caos social. As políticas de Massa não são outras senão as de aniquilamento dos pobres, tornando-os ainda mais pobres. A proposta de reforma da Previdência do estado vai diminuir ainda mais o poder aquisitivo de quem tem menos, para concentrar renda nas mãos de quem já tem demais. Será igualmente deletéria para estatutários e celetistas. Massa, infelizmente, não conhece o Paraná. Com certeza, o governador nunca esteve na presença de uma cortadora de cana, de uma professora do ensino fundamental, de uma gari, ou de uma empregada doméstica, de 57 anos de idade. Os ambientes frequentados pelo governador o privaram de conhecer pedreiros, motoristas de ônibus, caminhoneiros, ou agricultores, de 65 anos de idade.

Essas são as idades mínimas para se aposentar, pelas quais os trabalhadores receberão apenas 70% do que teriam direito, hoje. Caixa de ressonância de Bolsonaro, Carlos determinou o aproveitamento de 100% da média dos rendimentos, ao longo da vida de contribuição dos trabalhadores. No modelo atual, aproveita-se apenas 80% para excluir os salários mais baixos e, com isso, elevar a média. O governador está rebaixando o valor da média do rendimento de todos os trabalhadores do Paraná. Como se não bastasse, Ratinho eleva a alíquota de contribuição ao INSS, de 11%, para 14%. Isso é uma franca política de empobrecimento da sociedade como um todo. Essa medida e mais a maneira truculenta como ele trata os movimentos sociais, os servidores públicos, os povos indígenas, a educação e quem faz terra produzir, transformará o estado em uma grande fazenda com uma população subdesenvolvida. O governador deixa muito claro que seu compromisso nunca foi com o Paraná, mas com os bancos.

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A imposição autoritária da reforma é o autógrafo dos ditadores que jamais aprovariam tal proposta, sob um debate aberto e franco com a sociedade. Haja vista Pinochet, no Chile, onde o ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes foi um dos tecnocratas que, há mais de 20 anos, produziu um país onde os idosos se suicidam por falta de condições de viver com um mínimo de dignidade. Ratinho, com a pronta colaboração do presidente da ALEP, Ademar Traiano, e de mais 44 deputados, se acovardaram atrás de 1400 soldados fortemente armados, no Teatro Ópera de Arame, para onde a sessão foi transferida, depois de os trabalhadores terem sido fustigados da ALEP. Tão violento, ou mais, foi o rolo compressor ilegal e imoral de Traiano, sobre os oito parlamentares da oposição que votaram contra a reforma. O presidente desrespeitou todos os prazos regimentais e o assalto aos trabalhadores foi aprovado em dois turnos, sem o prazo legal de cinco sessões ordinárias para a segunda votação.

O AI-5 não é apenas uma possibilidade, ele já está entre nós. Ontem, representantes do Fórum das Entidades Sindicais, organização dos servidores públicos em ação, foram impedidos de ingressar na Casa do Povo do Paraná para participar da reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Isso é muito grave. Entidades legalmente constituídas e representativas de diversas categorias profissionais são impedidas de debater na Praça reservada para isso, o Parlamento. Esse é um dos traços do governo Ratinho Júnior, um títere do mercado que executa o plano de açambarcamento do Estado de Bem-Estar Social. A sociedade paranaense deve uma resposta a esse governador sem compromisso com o estado. Trabalhadores foram rechaçados, mas foi o enfrentamento deles que fez com que com a pantomima fosse transferida para conspurcar um respeitado teatro. A truculência do Estado se deu por falta de argumentos e medo da reação que se produziu. Ou seja, a classe trabalhadora está no caminho certo. Governo servil à elite tem de medo de o povo nas ruas.

*Enio Verri é economista e professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores do estado do Paraná.