PT denuncia cobertura da mídia brasileira nas manifestações pró-Bolsonaro

Mídia esconde recessão, desemprego e reajuste do salário mínimo abaixo da inflaçãoO Partido dos Trabalhadores (PT) viu cobertura antidemocrática das manifestações deste domingo (26) em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). Segundo a legenda, a mídia brasileira apenas focou nas pautas que lhes interessam como a reforma da Previdência, a defesa de Bolsonaro e as críticas a Rodrigo Maia (DEM) e ao Centrão.

“O Globo chega a ser ufanista e exalta que as manifestações ocorreram em 156 cidades. Todas as reportagens fizeram comparações com os protestos realizados contra os cortes na educação que ocorreram em 200 cidades”, diz análise interna do PT.

O partido observa que não foram divulgados números sobre a quantidade de manifestantes nos atos desse domingo, o que é uma novidade. “Desde 2014 que os jornais comparam manifestações pela quantidade de esquerda e de direita pela quantidade de pessoas nas ruas, não que seja uma boa comparação.”

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Aqui um parêntese para o pronunciamento do humorista José Simão sobre a manifestação bolsonarista na Avenida Paulista, em São Paulo: “Paulista! Apertando dá dois quarteirões! Muito vácuo, se fosse escola de samba já tava desclassificada!”

Havia muitos vazios ao longo dos quarteirões que também foram observados pela presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). “Os atos de hoje (domingo) não se comparam aos do dia 15 [da educação] em adesão, mobilização e capilaridade. Muito vácuo nas ruas”, comparou.

Economia

Para o PT, os jornais ignoram o fato de que os protestos contra os cortes na educação são organizados e protagonizados por setores progressistas e de esquerda da sociedade. Nas páginas dos jornais, a polarização política existente hoje é entre o governo e o Congresso. “A imprensa comercial brasileira é muito restrita e limitada”, critica a agremiação.

Se a mídia nacional recebeu pedradas pela sua posição pró-mercado e seus interesses econômicos, sobraram elogios para a cobertura estrangeira como a do DW (Deutsche Welle). De acordo com o advogado Luiz Carlos Rocha, um não petista, o serviço de notícias alemão foi direto ao ponto: “As próximas semanas vão mostrar se os protestos deste domingo terão força suficiente para alterar o jogo de forças em Brasília”.