Polícia diz que traficantes ordenaram série de atentados em Maringá (PR)

via O Diário

Fac-símile.
Investigações do Setor de Inteligência da 9!ª Subdivisão Policial (SDP) em Maringá revelam que a série de atentados registrados no município desde o ano passado foi coordenada por um grupo de traficantes que age na zona norte da cidade.

A intenção, segundo os levantamentos, seria imputar os crimes a um grupo rival, cujos lideres cumprem pena na Penitenciária Estadual de Maringá (PEM), bem como forçar a troca do comando da Polícia Civil.

Os atentados, que iniciaram em julho de 2011, com disparos contra a Câmara Municipal e a sede de uma emissora de tevê, foi retomada neste ano com mais tiros contra a casa de um delegado e um incêndio, na semana passada, em um carro da 9!ª SDP.

BANDOS
A Polícia Civil já tem o organograma das quadrilhas responsáveis pelos atentados, mas os nomes não são divulgados para não atrapalhar as investigações.”

Confirmadas as suspeitas, o comando da Polícia Civil diz que pedirá a prisão dos responsáveis, além do afastamento, indiciamento e até prisão dos colaboradores.

O delegado chefe da 9!ª SDP, Osnildo Carneiro Lemes, classifica os ataques como “assuntos domésticos” e descarta qualquer relação com a série de atentados registrados em São Paulo e Santa Catarina. Para Lemes, além de afetar o grupo rival, a quadrilha estaria atendendo a interesses particulares.

Economia

A situação está sendo acompanhada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que já teria montado um dossiê recheado de detalhes e nomes de pessoas envolvidas.

O delegado frisa que o único ataque investigado separadamente envolve os disparos, em junho passado, contra a casa de um dos comandantes do 4!º Batalhão de Polícia Militar. A investigação, que está sendo feita pelo Serviço Reservado da PM, segue em sigilo e, segundo uma fonte, é tratada sob a chancela de “assunto interno”.

Guerra

De acordo com as investigações, os ataques tiveram início logo após a troca do comando da subdivisão, em janeiro do ano passado. “Assumimos com a missão e o compromisso de combater o narcotráfico e focamos nosso trabalho em três quadrilhas, que durante anos comandavam a venda e distribuição de drogas na cidade”, explica Lemes, acrescentando que além do tráfico, esses grupos matavam os concorrentes.

“A situação estava tão escancarada que uma das quadrilhas chegava a ajudar a polícia a investigar e identificar os autores de alguns homicídios, geralmente adolescentes. No entendimento da polícia, as confissões eram previamente acertadas, com o objetivo de dar satisfações à  sociedade. Era uma relação ambígua, altamente suspeita”, destaca o delegado.

Alvo de uma investigação paralela, a quadrilha que “colaborava” com a Polícia Civil acabou sendo desarticulada, no início de julho do ano passado, pela Polícia Federal (PF). A “Operação Mandacaru”, como foi batizada, resultou na prisão de sete pessoas e na desarticulação de uma rede internacional de tráfico que movimentava 150 quilos de maconha, crack e cocaína por mês.

Presos, os líderes tiveram imóveis e carros de luxo apreendidos, além de contas bancárias bloqueadas. Entre os bens apreendidos, uma vasta área de terras dentro da cidade adquirida com dinheiro do tráfico e prestes a ser loteada para criação de um novo bairro.

Se concluída, a transação serviria para lavar vários milhões de reais. Após a operação da PF, o Ministério Público Estadual (MPE) se uniu à  Polícia Civil e passou a investigar cerca de 40 homicídios que estavam sem elucidação ou com autoria suspeita.

Uma nova suspeita de vazamento interno ganhou corpo na semana passada, depois de dois homens atearem fogo em uma viatura descaracterizada da Seção de Furtos e Roubos.

Curiosamente, o veículo estava sendo utilizado por um agente que havia realizado uma investigação sigilosa que culminou com a prisão de familiares dos chefes da quadrilha desmantelada pela PF, além de outro trabalho também relacionado ao tráfico de drogas.

Ainda de acordo com o delegado, os bandidos sabiam quem era o policial, onde morava e até o horário que ele chegaria à  residência. Dias antes do incêndio, o agente recebeu um telefonema de uma suposta floricultura.
Do outro lado da linha, uma voz feminina queria saber seu endereço residencial para entregar um ramalhete de flores e uma cesta de café da manhã. O remetente era desconhecido. “São detalhes que reforçam nossas suspeitas de que está ocorrendo vazamento de informações. Estamos tentando descobrir quais agentes estão a serviço do tráfico.”

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