É sabido que os donos dos grandes veículos de comunicação nunca engoliram os governos de Lula e do PT. Convivem, mamam nas polpudas verbas de publicidade, experimentam o que jamais foi um governo comunista, mas não suportam acordar todo dia e saber que um metalúrgico, líder de um partido de esquerda, está à frente do País. Sempre que surge uma oportunidade, buscam impor obstáculos para atrapalhar essa caminhada. É o que me parece estarmos vivendo neste momento.
Apesar de muitos de seus comentaristas e articulistas condenarem o que foi um verdadeiro espetáculo eleitoral – uma chacina estatal ocorrida no Rio de Janeiro na última semana -, as empresas tentam influenciar o debate para que a sociedade acredite que a medida adotada pelo governador Claudio Castro, que empurrou para a morte mais de uma centena de pessoas, incluindo quatro policiais, tenha sido correta.
As chamadas nos telejornais e as manchetes nos veículos impressos e digitais, ancoradas em pesquisas de alguns institutos, demonstram com clareza que essas empresas embarcaram de vez no debate eleitoral a partir das versões espalhadas após a operação. Buscam construir uma “realidade” em que o governo Lula estaria na defensiva e a direita, em avanço. Querem pôr tração numa narrativa para evitar que, com o decantar do debate, as verdades sejam recolocadas em seus devidos lugares e a aliança à qual esse PIG se filia seja impactada negativamente.
A honestidade intelectual – ausente entre os empresários que comandam os grandes meios – exigiria que seus veículos mostrassem, com mais ênfase, que esses governadores hoje travestidos de combatentes do crime são contra a PEC da Segurança enviada pelo governo federal ao Congresso Nacional, proposta que, em síntese, articula as esferas de poder e prioriza mais inteligência, mais tecnologia, mais eficácia.
Mas a desonestidade que lhes é peculiar prefere esconder que Claudio Castro governa o Rio há cinco anos e, nesse período, o crime só avançou sobre os territórios. O ex-deputado da base do governador, TH Joias – com vínculo estreito com o Comando Vermelho, sumiu das reportagens. Escolhem não mostrar que Tarcísio de Freitas, em mais de três anos de mandato, assistiu placidamente, dos altos do Palácio dos Bandeirantes, o PCC expandir atividades ilícitas para várias áreas, da venda de combustíveis e bebidas adulteradas às organizações sociais que prestam serviços a prefeituras.
E os dirigentes do PIG omitem que a operação da última semana foi motivada, em última análise, pelo avanço de traficantes sobre áreas sob comando de milícias. Ou seja: estaria o Estado do Rio de Janeiro sendo usado para defender territórios milicianos? Não é muito difícil acreditar nessa tese.
Contudo, a versão do Partido da Imprensa Golpista – que, repito, não convence nem boa parte de seus próprios comentaristas e articulistas – não triunfará. Os tempos são outros. Se antes o PIG mantinha o monopólio em um modelo de comunicação top-down, hoje a horizontalidade da comunicação lhe impõe limites. E a mentira é confrontada, diariamente, pela realidade. E a verdade, vencerá!

Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político.






