Felipe Nunes, da Quaest, detalhou a pesquisa divulgada esta semana pela empresa sobre a disputa para presidência da Republica. E, na análise, fica explicado o discurso reacionário adotado no segundo turno pelo presidente cessante Jair Bolsonaro (PL). Confira abaixo.
– Redução da maioridade penal tem apoio de 92% – disse o pesquisador. No entanto, a facilitação da compra e posse de armas e legalização do aborto só tem apoio de 24% e 25%.
Confira a análise da pesquisa Quaest:
- Na pesquisa Genial/Quaest dessa semana estudamos as atitudes dos eleitores brasileiros frente a temas que geram polêmica no debate nacional. Redução da maioridade penal tem apoio de 92%, facilitação da compra e posse de armas e legalização do aborto só tem apoio de 24% e 25%.
- Quando comparamos os resultados por região, fica ainda mais claro que esses 3 temas são quase unanimidade no país. ‘Todo mundo’ é a favor da redução da maioridade penal e contra a legalização do aborto e da facilitação da compra de armas.
- Mas há 2 temas que dividem o Brasil ao meio: a manifestação de afeto em público por parte de gays/lésbicas e a reserva de cotas para negros. Essa divisão fica muito clara quando comparamos por renda. Não interessa o nível econômico, estes são os temas que dividem o país.
- Como são discussões de cunho moral, olhar o recorte religioso vale a pena. Os evangélicos são os menos tolerantes em relação ao aborto e à manifestação de afeto em público de gays/lésbicas. Mas também são contra as armas.
- Politicamente, as diferenças são gritantes! A divisão eleitoral brasileira de 2022 não é uma mera disputa por poder, é uma disputa de visões de mundo, de valores e atitudes completamente diferentes.
- Bolsonaro defende a redução da maioria penal porque 96% de seus eleitores e 89% dos eleitores de Lula concordam com ele nisso! Tática eleitoral que pode atrair eleitores lulistas para Bolsonaro.
- Lula critica a facilitação da compra e porte de armas porque 90% de seus eleitores concordam com isso, e é um tema que divide a base bolsonarista: 52% dos eleitores de Bolsonaro são contra a facilitação da compra e posse de armas. Campanha petista tem esse trunfo para explorar
- Em relação aos outros temas, o que vemos é só divisão e distanciamento: 60% dos eleitores de Bolsonaro concorda que é ruim ver gays/lésbicas se beijando em público; apenas 35% dos eleitores de Lula concordam com essa frase.
- 49% eleitores de Bolsonaro concordam que é injusto que negros tenham vagas reservadas nas universidades, 36% dos eleitores de Lula concordam com isso. Apenas 12% dos eleitores de Bolsonaro acreditam que o aborto deveria ser legalizado, 33% dos eleitores de Lula pensam assim.
- A análise mais detalhada das atitudes dos eleitores brasileiros confirma o grau de conservadorismo presente em nossa sociedade, e o grau de polarização social a que chegamos representada pela disputa entre Lula e Bolsonaro.
- Faltou dizer que tem debate no domingo. Não me surpreenderia se esses fossem temas muito discutidos lá!
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