PCdoB: pequeno, mas unido e aguerrido na defesa de Orlando Silva

por André Barrocal, via Carta Maior

Deputada Manuela (PCdoB).
Se o ministro do Esporte age como nenhum outro acusado de corrupção no governo Dilma, com sequência de defesas públicas, PCdoB não fica atrás. Burocracia, parlamentares e assessores lotam depoimento de Orlando Silva, em apoio próprio e ao filiado. Sentido-se alvo de campanha, comunistas invocam trajetória histórica e atacam mídia. Em telefonema, chefe da Casa Civil solidariza-se. Programa de TV do partido nesta quinta (20) será dedicado à  reabilitacão.

O depoimento do ministro do Esporte, Orlando Silva, à  Câmara dos Deputados nesta terça-feira (18), para se defender de denúncias, lotou o plenário da Comissão de Fiscalização e Controle. Mas não foi só o interesse jornalístico e da oposição ao governo que garantiu casa cheia. Unido em torno do correligionário como não se costuma ver em outras legendas com filiados embaraçados, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) arrastou sua burocracia, as bancadas !“ que não são grandes – de deputados e senadores e uma legião de assessores, no apoio ao ministro.

No depoimento de quase quatro horas, os comunistas não economizaram aplausos para as fortes declarações de Orlando Silva contra o detrator, o policial militar João Dias Ferreira, ou para congressista, até de outro partido, que saía em defesa do ministro.

Também fustigaram adversários do governo, ao ironizar, por exemplo, o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), quando este voltara do Senado, depois de reunião com João Dias, e dissera que o PM estaria precisando de proteção policial! contra ameaças.

Muitos dos militantes também fizeram questão de acompanhar o ministro na entrevista coletiva que ele topou conceder, mesmo depois do longo depoimento.

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O motivo de tamanha mobilização é o caráter partidário da acusação feita por João Dias. Se o PM atingiu a jugular de Silva, ao afirmar que o ministro comandaria esquema de corrupção no ministério, acertou também a aorta do PCdoB, apontado como destino final do dinheiro desviado.

Já enfrentamos ditaduras e detratores como esse há 90 anos. Isso não nos intimida!, disse à  Carta Maior o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, que assistiu ao depoimento.

Antes da sessão, Rabelo recebera telefonema da ministra-chefa da Casa Civil da Presidência, Gleisi Hoffmann, no qual ela se solidarizava com o PCdoB pelos ataques desferidos no partido não só por João Dias, mas também pelo noticiário.

Encarada como fomentadora de uma espécie de campanha contra o PCdoB, a imprensa foi a vítima predileta dos parlamentares comunistas, na sessão. A queixa principal repetiu Orlando Silva. Seria inaceitável dar crédito a um testemunho sem provas de alguém que já foi preso por desvio de verba do mesmo ministério que acusa e que tenta reaver o dinheiro.

Nem tudo é publicado na imprensa, mas nós sabemos quem é ele [João Dias], porque a informação circula livremente na internet!, disse a deputada Manuela D’àvila (RS). Azar da mídia golpista que mexeu com o PCdoB, que não tem medo. à‰ da história do PCdoB a luta pela verdade!, disse a deputada Perpétua Almeida (AC).

Líder do partido na Câmara, Osmar Júnior (PI) irritou-se também com adversários do governo. Reclamou que eles não acompanharam o depoimento, por estarem no Senado fazendo um acordo com o PM para ele depor na Câmara, em vez de aproveitarem que o ministro já estava ali, à  disposição, para pedir esclarecimentos. Se ele [o PM] quer palanque, que procure outro lugar!, disse.

Já a deputada Alice Portugal (BA) verbalizou com todas as letras a desconfiança de que Orlando Silva e o PCdoB estariam sendo alvejados por causa da Copa do Mundo, numa ação de bastidores da Fifa contra o jogo duro do governo. à‰ um tentativa de massacre para indicar [no lugar de Orlando] um ministro genuflexo!, afirmou.

Ainda não se sabe se os esforços comunistas serão suficientes para salvar o ministro. Exatamente por causa da Copa, Orlando Silva encontra-se no centro de uma área de apelo popular, o que aumenta a suscetibilidade política do governo com denúncias no setor.

Além disso, a leveza do PCdoB no Congresso (só 15 deputados e dois senadores) não parece capaz de levar a presidenta Dilma Rousseff a se arriscar a manter o auxiliar se as denúncias não estancarem.

Independentemente disso, porém, o PCdoB está com o ministro para o que der e vier. Inclusive irá explorar boa parte do programa eleitoral do partido na TV, nesta quinta-feira (20), para defender-se e ao correligionário.

O PCdoB tem depositado inteira confiança no ministro. Ele diz que não tem nenhuma relação com esse sujeito [João Dias] e que não tem nada a temer!, disse Rabelo. O partido tem se preocupado, dentro de suas condições, em explicar à  opinião pública o que está acontecendo e vamos fazer isso na TV.!